“Vamos gastar o que for preciso”, diz Lula
Ex-presidente disse que não acredita em teto de gastos e defende investimentos públicos em eventual governo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse não acreditar no teto de gastos, e afirmou que a regra para limitar despesas do governo é “incompetência de quem governa o país”. O petista defendeu que, muitas vezes, o gasto é investimento. Teto de gastos é o mecanismo que limita as despesas do governo à variação da inflação anual.
“Não tem que limitar porque, quando limita, é para gastar menos para o benefício do povo”, disse. O pré-candidato a presidente deu as declarações em entrevista nesta 3ª feira (15.mar.2022) à rádio Espinharas, de Patos (PB), ligada à Igreja Católica.
Lula afirmou que, em um eventual governo, trabalhará para “recuperar os direitos do povo pobre”. Citou o fortalecimento de políticas sociais, a criação de empregos, e apoio a micro e pequenas empresas. “Vamos gastar o que for preciso gastar”.
O ex-presidente também criticou a alta do preço dos combustíveis, a equiparação com a cotação internacional do petróleo, e a dependência da importação de gasolina. Disse que isso se deve à falta de refinarias. “A incompetência é muito grande de quem governa esse país desde o golpe da Dilma”, afirmou. “Se tivessem continuado [a construção das] refinarias, elas poderiam estar prontas, inauguradas, e o Brasil poderia não estar hoje importando gasolina refinada”.
Sobre a Petrobras, declarou que os lucros da estatal não são usados para investimentos, mas para distribuição de dividendos, “sobretudo para acionistas americanos”. Disse que a companhia não é uma empresa privada para pensar “só em lucro”, e que durante sua presidência (2003-2010) a petroleira investiu no desenvolvimento do país.
“Se preparem, porque vamos ganhar as eleições, e a gente vai recuperar a Petrobras para o povo brasileiro”.
Lula ainda deixou em aberto a possível aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido). Disse ser necessário mais paciência para a definição dos eventuais apoios na eleição. Segundo o ex-presidente, há conversas com partidos e movimentos. Ele citou o MDB, e legendas de esquerda e centro-esquerda, como Psol, PC do B, PSB e Solidariedade.
O petista voltou a dizer que ainda não definiu se será candidato no pleito deste ano. Afirmou que decidirá no final de abril. Ele criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL). Sem citá-lo, disse ser um “pária que não tem noção do que está fazendo no Brasil”.
“Nunca falou a palavra Bíblia, só fala a palavra arma. É um negacionista, não fala em amor, fala em guerra. Não fala em paz, fala em ódio. É uma pessoa que o Brasil não merecia”.