Após busca da PF em Angra, Jair, Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro saem pelo mar
Agentes apreenderam computador da Abin com Carlos Bolsonaro. Militar cedido a Abin, também alvo da operação, tinha 10 celulares em casa.
Segundo informações da GloboNews, Bolsonaro e os filhos teriam fugido de barco quando agentes da PF chegaram à casa da família em Angra. Os investigadores ainda teriam apreendido um computador que pertence à Agência Brasileira de Informação, a Abin, com Carlos Bolsonaro.Além de Angra, a PF cumpre mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro/RJ (5), em Brasília/DF (1), Formosa/GO (1) e Salvador/BA (1). A Polícia Federal busca avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio de ações clandestinas.
Além de Carlos Bolsonaro, são alvos da operação: Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora do vereador; Priscila Pereira e Silva, assessora do deputado federal Alexandre Ramagem; e Jean Carlo Gomes Rodrigues, militar do Exército que atuou na Abin durante o governo Bolsonaro. Na casa dele, em Salvador (BA), a PF apreendeu 10 aparelhos celulares.
Ex-diretor-geral da Abin, Ramagem foi alvo de busca e apreensão da PF na última quinta-feira (25). As investigações revelam que os assessores de Carlos solicitaram ao então diretor-geral da Abin informações sobre possíveis alvos do Gabinete do Ódio, estrutura que também era controlada pelo filho “02” de Bolsonaro.
Bomba
A operação de busca e apreensão que acontece nesta segunda-feira (29) na casa de Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) tem um potencial explosivo sobre o clã tanto na questão criminal, quanto na estratégia de cooptação política.
A investigação sobre a “Abin paralela” revela que Jair Bolsonaro (PL) e os filhos montaram uma organização criminosa para espionar adversários políticos e até mesmo aliados próximos, como o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, um dos estrategistas da tentativa de golpe desencadeada após a derrota para Lula nas eleições de 2022.
Carlos Bolsonaro tem uma ligação estreita com Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foi seu homem de confiança dentro do governo.
A investigação da PF deve revelar que era o filho “02” de Jair Bolsonaro – e não Ramagem – o líder da Organização Criminosa que criou uma estrutura paralela de arapongagem, que abastecia o Gabinete do Ódio, quem também é uma criação de Carlos.
Com a decisão de autorizar a busca e apreensão na casa e no gabinete de Carlos Bolsonaro, Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) vê uma forma de unificar os inquéritos da “Abin Paralela” e das milícias digitais.
Em delação, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, já teria afirmado que Carlos definia as estratégias de Bolsonaro nas redes sociais e dava ordens para a equipe do gabinete do ódio, que era formada por Tércio Arnaud Tomaz, Mateus Matos Diniz e José Matheus Sales Gomes.
Com o avanço das investigações sobre a Abin Paralela, a PF e Moraes identificam o uso do sistema de arapongagem ilegal para determinar os alvos dos extremistas nas redes sociais.
Informações da Abin
A operação é um desdobramento da investigação que apura o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal. A suspeita da PF é que Carlos Bolsonaro, teria recebido “materiais” obtidos ilegalmente pela Abin.
Investigação da Polícia Federal trabalha com a suspeita de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi usada para fornecer dados para que Flávio Bolsonaro e Jair Renan, filhos do ex-presidente Bolsonaro (2019-22), usassem para se defenderem de investigações judiciais.
Existe a suspeita de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) contou com ajuda da Abin para se defender no caso das chamadas “rachadinhas” realizadas no seu gabinete quando deputado estadual no Rio de Janeiro.
Além de Flávio, o filho “04”, Jair Renan, também teria sido favorecido pela Abin. De acordo com informações da jornalista Ana Flor, a Abin monitorava pessoas do convívio de Renan e espionava as comunicações de um amigo de Renan.
Última Milha
Esta operação é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em 20/10/2023. As provas obtidas na época indicam que o grupo criminoso estabeleceu uma estrutura paralela na Abin, utilizando ferramentas e serviços da agência para ações ilícitas. Isso inclui a produção de informações com fins políticos e midiáticos, visando benefícios pessoais e até mesmo interferência em investigações da Polícia Federal.
Os investigados podem responder, conforme suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, informáticas ou telemáticas sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados por lei.