Caso Marielle: veja a íntegra do relatório do assassinato da vereadora

Neste domingo, foram presos o conselheiro Domingos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro

No domingo (24/3), a Polícia Federal prendeu três agentes públicos suspeitos de terem sido os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista dela, Anderson Gomes, em março de 2018. Foram presos o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCERJ), Domingos Brazão, o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ) e Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro.

 

Em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que a conclusão das investigações é um triunfo do Estado brasileiro contra a criminalidade organizada. “Esta etapa mais importante das investigações foi vencida, após mais de cinco anos de investigações infrutíferas. Isso mostra que o crime organizado não terá sucesso aqui em nosso país, porque temos uma polícia forte e efetiva”, disse o ministro, no domingo.

 

Veja alguns pontos do relatório da PF:

Infiltrado no Psol

Domingos Brazão colocou o miliciano Laerte Silva de Lima como infiltrado no Psol. Ele teria alertado o conselheiro que Marielle, em algumas reuniões comunitárias, pediu para que a população não aderisse a novos loteamentos situados em áreas de milícia.

Exigência do ex-chefe da Polícia Civil

Em delação, Ronnie Lessa afirmou que o ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa teria feito uma única exigência: a execução de Marielle não poderia ser em frente à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. O objetivo era afastar a tese de que o crime teve motivações políticas e fosse federalizado, “fato que, se concretizado, sairia da alçada de resolução de Rivaldo e, consequentemente, da sua rede de influência”. Segundo o relatório da PF, o delegado Rivaldo foi o “garantidor da impunidade da empreitada”.

Motivação e promessa de recompensa

“Ante este cenário, esta equipe de investigação examinou o histórico da atividade parlamentar dos Brazão e do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL no Rio de Janeiro. Por meio de testemunhos, reportagens e registros da Câmara de Vereadores, constatou-se, de fato, uma colisão de interesses no tocante a questões fundiárias ligada ao direito à moradia. Isso sem mencionar outros reveses que as ações do referido partido impuseram ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro no Rio de Janeiro – PMDB/RJ e, especialmente, a Domingos Brazão”, diz trecho do relatório.

Levantamentos sobre políticos do Psol

Ronnie Lessa tinha à sua disposição o acesso à plataforma de consulta a dados cadastrais CCFácil, utilizada para o levantamento de informações sobre potenciais vítimas. Além das consultas sobre Marielle, foram pesquisados dados sobre a filha do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, sobre o ex-vereador Renato Cinco e o deputado federal Chico Alencar (Psol-RJ). Os levantamentos teriam sido feitos entre 2012 a 2018.

Lei sobre regularização de terras

“O depoente (assessor Arlei Assucena) se recorda que Chiquinho teria reclamado da votação contrária de Marielle, demonstrando irritação fora do comum e jamais vista pelo depoente, já que Chiquinho sempre se mostrou um parlamentar discreto e tranquilo”, diz trecho do relatório.

Veja a íntegra do relatório sobre o caso Marielle neste link.

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