Assessor conversa com Bolsonaro sobre divisão na direita da Paraíba: ‘presidente já tem posição’; leia entrevista
A divisão no campo conservador da Paraíba, entre o grupo liderado pelo deputado federal Wellington Roberto (PL) e o pastor Sérgio Queiroz (PRTB), pré-candidato ao Senado, reverberou no Palácio do Planalto e chegou ao conhecimento do presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação é do assessor da Presidência da República, o paraibano Tércio Arnaud Tomaz, que disse ter conversado com o chefe do Poder Executivo sobre o assunto.
Natural de Campina Grande, Arnaud foi indicado por Bolsonaro como primeiro suplente do pré-candidato ao Senado Bruno Roberto. Conhecido pela atuação nas redes sociais desde a época em que Bolsonaro era deputado federal, o paraibano respondeu, nesta segunda-feira (30), perguntas enviadas pelo Agenda Política sobre a divisão no campo bolsonarista da Paraíba. (Leia na íntegra abaixo).
A divisão no campo da direita local ficou ainda mais explícita, neste início de semana, em meio a trocas de farpas entre o deputado federal Wellington Roberto, presidente do PL na Paraíba, e o pré-candidato ao Senado Sérgio Queiroz (PRTB)
“A chapa majoritária já está fechada, Bruno Roberto [filho de Wellington] para o senado e Nilvan Ferreira [apresentador de TV] para o governo da Paraíba. Conversei com o presidente esse fim de semana e ele disse que já está definida [essa questão]. Presidente já gravou vídeo tanto para Nilvan quanto para Bruno Roberto. Não tem pressão externa que mude isso”, disse.
Com atuação em Brasília, Tércio Arnaud deve deixar o cargo no fim de junho para se dedicar à campanha eleitoral. Enquanto isso, acompanha nos bastidores os desdobramentos do que ocorre no estado. Na entrevista, chamou de “chumbo trocado” a troca de farpas entre Wellington e Sérgio Queiroz. Para ele, a divisão “não é boa” para a direita estadual.
“É normal uma parte da direita querer um ou outro candidato, faz parte do debate político. Mas essas discussões entre um ou outro é chumbo trocado, vem provocação de um lado e resposta do outro”, avaliou. “O presidente confia em Bruno Roberto para o senado, sabe que em uma majoritária temos que ter esse tipo de capilaridade pelo estado. Acredito que em quase 4 anos de governo aprendi em confiar nas decisões do presidente Bolsonaro, sei que ele toma as decisões pensando no Brasil, não em projetos pessoais”, acrescentou,
Questionado sobre eventual “bandeira branca” com a ala representada por Sérgio Queiroz, Arnaud revelou que já conversou por telefone com Sérgio sobre as atuais divergências, mas disse que a decisão do pastor em disputar o Senado “mais atrapalha” do que ajuda o presidente da República. “Presidente precisa ter essa cadeira no senado para ajudar na governabilidade, é muito importante para ele”, traduziu.
Nilvan Ferreira ou Pedro Cunha Lima
Em relação à disputa pelo Governo do Estado, o assessor de Bolsonaro aprovou o nome do comunicador, reforçando que ele conta com o apoio do Planalto. “O presidente gostou de primeira”, disse. “Vejo com bons olhos. É um candidato de coragem e que não esconde que defende o governo federal em suas ações. Acredito que para vice tem que ser alguém que agregue votos para a sua candidatura, alguém de Campina Grande por exemplo”, defendeu.
Acusações de fake news
Nas respostas, Arnaud também fala sobre a investigação de que é alvo, no Supremo Tribunal Federal (STF), por suposta disseminação de fake news no chamado “gabinete do ódio”. Questionado pelo blog sobre as acusações repercutidas nacionalmente, afirmou que o caso “nunca ficou comprovado” e negou o que chamou de “narrativa”.
Leia a entrevista na íntegra a seguir
A.P. Você foi escolhido por Jair Bolsonaro para compor a chapa de Bruno Roberto na condição de primeiro suplente na disputa ao Senado. Como tem sido a participação sua nessa construção da direita paraibana?
T.A. Estava em viagem a Rússia quando recebi a ligação do presidente Jair Bolsonaro comentando que conversou com Wellington Roberto e Bruno Roberto defindindo o apoio a Bruno Roberto ao senado. Presidente na mesma hora sugeriu que eu aceitasse a primeira suplência ao senado. O presidente confira em Wellington Roberto para definir os rumos da PB, o presidente já passou por muita traição e não vai cometer o mesmo erro novamente.
A.P. A Paraíba tem um histórico de votação à esquerda em eleições presidenciais. Os aliados do presidente acreditam que em 2022 será diferente? Por quê?
T.A. Acredito que o Nordeste é governista. O governo federal está entregando muito aos paraibanos, transposição, recuperação dos empregos, auxilio, vacinas… isso vai pesar na hora do eleitor que um dia ja votou no PT votar agora no presidente Jair Bolsonaro. De um lados temos um presidente que é inimigo da corrupção, não rouba nem deixa roubar. Do outro lado temos um corrupto e ex-presidiário. O eleitor brasileiro é do lado que é certo.
A.P. Em um momento de polarização nacional, a direita na Paraíba não conseguiu unidade para a disputa, pois há divisões entre os partidos. Hoje mesmo tivemos uma troca de farpas entre o deputado Wellington Roberto e o pré-candidato ao Senado Sérgio Queiroz, do PRTB, que já foi integrante do Governo Federal. Como você tem visto essa divergência no campo conservador paraibano?
T.A. Meu líder político é o presidente Jair Bolsonaro, ele acredita em Wellington Roberto para coordenar a campanha dele na PB. Ele tem estrutura e maturidade política para representar o presidente Bolsonaro por todas as cidades do Estado. O presidente confia em Bruno Roberto para o senado, sabe que em uma majoritária temos q ter esse tipo de capilaridade pelo estado. Acredito que em quase 4 anos de governo aprendi em confiar nas decisões do presidente Bolsonaro, sei que ele toma as decisões pensando no Brasil, não em projetos pessoais. É normal uma parte da direita querer um ou outro candidato, faz parte do debate político. Mas essas discussões entre um ou outro é chumbo trocado, vem provocação de um lado e resposta do outro.
A.P. Essa troca de farpas não atrapalha o projeto de Bolsonaro na Paraíba?
T.A. A chapa majoritária já está fechada, Bruno Roberto para o senado e Nilvan Ferreira para o governo da PB. Conversei com o presidente sobre a Paraíba esse fim de semana e ele disse que já está definida. Presidente já gravou vídeo tanto para Nilvan quanto para Bruno Roberto. Não tem pressão externa que mude isso.
A.P. Você conversou com o pastor Sérgio sobre essas divergências?
T.A. Já conversei com ele, ele quer muito disputar o senado, disse que não vai abrir mão de disputar a cadeira mesmo não tendo o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Acredito que em uma disputa por uma única cadeira essa divisão não é boa. Eu acho que como ele trabalhou no governo federal, por lealdade ao presidente Bolsonaro, ele vindo disputar a cadeira mais atrapalharia os planos do presidente que ajudaria. Presidente precisa ter essa cadeira no senado para ajudar na governabilidade, é muito importante para ele, tanto que pediu para [eu] aceitar a suplência, e o escolhido do presidente para a disputa é o pré-candidato Bruno Roberto. Pastor me convidou para eu ser o suplente dele mas deixei claro que não é a vontade do presidente. A vontade do presidente é que caminhe com Bruno Roberto para o senado da PB.
A.P. O pré-candidato Bruno Roberto recebeu críticas de uma ala bolsonarista por ter, em um momento anterior, se posicionado contra o presidente Jair Bolsonaro. Ele inclusive fez críticas duras a Bolsonaro em mensagens publicadas no Twitter. Como foi possível a composição com o PL paraibano?
T.A. O presidente é de agregar, Bruno Roberto e o presidente já tiveram essa conversa pessoalmente. Bruno expos ao presidente antigas críticas em que ele mesmo afirmou injustas ao presidente e que se arrepende. O presidente gosta dessa sinceridade, na política tem muito lobo em pele de Cordeiro, gente que sorri para você, fala bem, mas pelas costas te ataca. O presidente gosta de quem é sincero e confiável.
A.P. Na disputa ao Governo da Paraíba o PL apresentou o nome de Nilvan Ferreira. Como você avalia o nome do comunicador? E quem na sua visão poderia ser o vice ideal do grupo?
T.A. Vejo com bons olhos, o presidente gostou dele de primeira. É um candidato de coragem e que não esconde que defende o governo federal em suas ações. Acredito que para vice tem que ser alguém que agregue votos para a sua candidatura, alguém de Campina Grande por exemplo.
A.P. E quanto a Pedro Cunha Lima e Efraim Filho, caberia um eventual aliança no segundo turno?
T.A. Vejo Pedro Cunha Lima como um candidato de centro esquerda. Ele tá sendo fiel a suas convicções políticas não declarando apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Acho que a Paraiba depois de uma década de esquerda no poder precisa de alguém de fora e de direita para limpar o desastre que foi os últimos governos. Nilvan é perfeito para isso. Efraim apostou no cavalo errado, tentou ser o candidato de João Azevedo, um lulista declarado e não conseguiu. Ficou sem ter o apoio da esquerda e o da direita por conta da aproximação com João Azevedo.
A.P. Seu nome é apontado como líder do chamado “Gabinete do ódio”, que espalha fake news contra adversários do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. O que você diz dessas acusações?
T.A. Fazem as mesmas acusações contra o presidente Jair Bolsonaro, que o presidente espalha fake news etc. Essa narrativa nunca foi comprovada. Quebraram meu sigilo telemático, bancário e etc e nunca sequer acharam algum fato ou alguma prova das acusações. Foi a narrativa que os que perderam a eleição e o poder no Brasil criaram para justificar suas impopularidades. Que quem o ataca nas redes sociais são robôs e etc. Recentemente o TSE arquivou o pedido de cassação do mandato da chapa Bolsonaro Mourão por falta de provas, e um dos ministros do TSE afirmou em seu voto que não foi comprovado a existência de um gabinete do ódio. Sou investigado no Supremo, não sou réu. Nunca fui processado na minha vida.