Um relatório sigiloso da Polícia Federal (PF) revelou que os deputados federais Josimar Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gil (PL-MA) e Bosco Costa (PL-SE) estariam envolvidos em um esquema de venda de emendas parlamentares destinadas ao setor de saúde em São José de Ribamar, cidade na região metropolitana de São Luís, Maranhão. Segundo a investigação, o grupo cobrava 25% do valor das emendas, prática conhecida no Congresso como “volta”.
A apuração foi iniciada após o então prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio, relatar à PF que o agiota Josival Cavalcanti da Silva, conhecido como Pacovan, o procurou para exigir a devolução de parte dos recursos. Quando o ex-prefeito se recusou a ceder, passou a receber ameaças contra sua integridade e a de sua família. O caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em junho de 2021 e está sendo relatado pelo ministro Cristiano Zanin.
O relatório de 294 páginas da PF detalha mensagens encontradas no celular do deputado Josimar Maranhãozinho, trocadas com os demais envolvidos no esquema, incluindo Pastor Gil, Bosco Costa e Pacovan. As mensagens abordam o desvio de emendas parlamentares e a cobrança de gestores municipais que não aceitavam a adesão ao esquema. Além disso, há registros de reuniões, solicitações de propina e pagamentos suspeitos via PIX.
Em entrevista ao portal G1, o deputado Pastor Gil afirmou que aguarda o julgamento do caso pelo STF e declarou estar “confiante de que os esclarecimentos apresentados conduzirão ao reconhecimento da inocência”. Josimar Maranhãozinho, apontado como líder da suposta organização criminosa, não se manifestou sobre o caso. A PF afirma que ele teria orientado a cobrança das propinas, chegando a utilizar uma estrutura armada para garantir os pagamentos.
As três emendas investigadas somam R$ 6,7 milhões. Deste montante, R$ 1,6 milhão teriam sido cobrados como propina à prefeitura de São José de Ribamar. O assessor de Josimar, João Batista de Magalhães, é descrito como o “corretor” de emendas, intermediando o pagamento de propinas ao monitorar o andamento dos recursos no Ministério da Saúde e oferecendo informações privilegiadas a servidores.
O relatório também revela que a PF identificou mensagens que indicam a articulação de agendas com autoridades do governo federal, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso segue agora para julgamento na Primeira Turma do STF, após a denúncia ser autorizada pelo ministro Cristiano Zanin.
*Com informações do portal de notícias Pensar Piauí