‘Dê o golpe, Jair”: Ministério da Defesa divulgou grupo golpista após Bolsonaro perder para Lula

Uma publicação feita nas redes oficiais do Ministério da Defesa, oito dias após o segundo turno das eleições de 2022, redirecionava os usuários para um canal que promovia ações golpistas

No dia 7 de novembro de 2022, oito dias após o segundo turno da disputa presidencial, em que Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado pelo presidente Lula (PT), o Ministério da Defesa utilizou sua conta oficial no X (antigo Twitter) para divulgar um comunicado sobre a fiscalização do sistema de votação.

No entanto, em vez de direcionar para o relatório de fiscalização do sistema eletrônico de votação, o link divulgado pelo Ministério da Defesa redirecionava os usuários para um grupo golpista no Telegram, intitulado “Dê o golpe, Jair”.

À época, o Ministério da Defesa era comandado pelo general Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército. Nogueira é um dos 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.

Em sua defesa apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), Nogueira afirmou que sempre se posicionou contra a trama golpista e que não fez parte do grupo que buscava derrubar a democracia para manter Jair Bolsonaro no poder.

Vale ressaltar que o relatório da Polícia Federal (PF) revelou que os últimos meses de 2022 foram marcados por intensas reuniões entre generais e o ex-presidente Jair Bolsonaro para articular um golpe de Estado. Conforme depoimento de Mauro Cid, ex-assessor de confiança de Bolsonaro, o ex-presidente chegou a apresentar uma minuta do golpe aos militares.

Bolsonaro e mais 33 são denunciados pela PGR por tentativa de golpe

Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos crimes de formação de organização criminosaabolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado, por sua participação nos fatos ocorridos entre o final de seu mandato, em dezembro 2022, e o fatídico 8 de janeiro de 2023.

Após uma grande apreensão e ansiedade por grande parte dos brasileiros, o PGR Paulo Gonet apresentou a denúncia ao STF, quase três meses após o antigo ocupante do Palácio do Planalto e outros 39 investigados serem indiciados num minucioso inquérito da Polícia Federal composto por 884 páginas e repleto de provas colhidas pelas agentes.

Também foram denunciados Alexandre Ramagem, Almir Garnier Santos, Anderson Gustavo Torres, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Mauro César Barbosa Cid, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e Walter Souza Braga Netto.