Núcleo era comandado, segundo a PGR e a PF, pelo general de quatro estrelas Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, que fazia parte do Alto Comando do Exército, e reunia militares para pressionar por golpe de Estado
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberou para Cristiano Zanin, presidente da primeira turma da corte, a denúncia em que o Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, pede que os integrantes do núcleo 3 da organização golpista de Jair Bolsonaro (PL) se tornem réus.
Em manifestação ao Supremo, Gonet rebatou todos os argumentos dos acusados que pediam a rejeição das denúncias por suposta falta de provas e questões processuais, como supostas irregularidades no acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
A Moraes, relator do caso, o PGR pediu que os 12 membros do núcleo de “execução”, entre eles os chamados “kids pretos” – membros das Forças Especiais do Exército – e outros militares, sejam considerados réus na quadrilha.
Entre os denunciados está o general de quatro estrelas Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, que fazia parte do Alto Comando do Exército até novembro de 2023, quando passou para a reserva.
Na liderança do Comando de Operações Terrestres (Coter), o general, segundo investigação da Polícia Federal, seria o responsável pelo “emprego do Comando de Operações Especiais (COpESP)”, os chamados ‘kids pretos”, para prender autoridades durante a intentona golpista.
“Além de (Estevam Theóphilo) ser o responsável operacional pelo emprego da tropa caso a medida de intervenção se concretizasse, os elementos indiciários já reunidos apontam que caberiam às Forças Especiais do Exército (os chamados Kids Pretos) a missão de efetuar a prisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes assim que o decreto presidencial fosse assinado”, diz a decisão que autorizou o desencadeamento da Operação Tempus Veritatis, que realizou busca e apreensão em endereços ligados ao general.
Além de Oliveira, o núcleo 3 é composto por:
- Hélio Ferreira Lima
- Rafael Martins de Oliveira
- Rodrigo Bezerra de Azevedo
- Wladimir Matos Soares
- Bernardo Romão Corrêa Netto
- cleverson ney magalhães,
- Fabrício Moreira de Bastos
- Marcio Nunesde Resende Júnior,
- Nilson Diniz Rodriguez
- Sérgio Cavaliere de Medeiros
- Ronald Ferreira de Araújo Júnior
Execução e pressão sobre cúpula militar
Segundo a PGR, o Núcleo 3 da quadrilha golpista era encarregado da execução de “ações coercitivas foram executadas por membros das forças de segurança pública que se alinharam ao plano antidemocrático”.
“ESTEVAM CALS THEOPHILO GASPAR DE OLIVEIRA, como Comandante do Comando de Operações Terrestres (COTER), aceitou coordenar o emprego das forças terrestres conforme as diretrizes do grupo. HÉLIO FERREIRA LIMA, RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA, RODRIGO BEZERRA DE AZEVEDO e WLADIMIR MATOS SOARES lideraram ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas. Os especialistas BERNARDO ROMÃO CORREA NETTO, CLEVERSON NEY MAGALHÃES, FABRÍCIO MOREIRA DE BASTOS, MÁRCIO NUNES DE RESENDE JÚNIOR, NILTON DINIZ RODRIGUES, SERGIO RICARDO CAVALIERE DE MEDEIROS e RONALD FERREIRA DE ARAUJO JUNIOR promoveram ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe”, diz Gonet.
“Operações estratégicas de desinformação ficaram a cargo de AILTON GONÇALVES MORAES BARROS, ANGELO MARTINS DENICOLI, PAULO RENATO DE OLIVEIRA FIGUEIREDO FILHO, REGINALDO VIEIRA DE ABREU, CARLOS CESAR MORETZSOHN ROCHA, GIANCARLO GOMES RODRIGUES, MARCELO ARAÚJO BORMEVET, e GUILHERME MARQUES DE ALMEIDA. Eles propagaram notícias falsas sobre o processo eleitoral e realizaram ataques virtuais a instituições e autoridades que ameaçavam os interesses do grupo. Todos estavam cientes do plano maior da organização e da eficácia de suas ações para a promoção de instabilidade social e consumação da ruptura institucional”, segue o PGR na denúncia oferecida ao Supremo.
Agora caberá a Cristiano Zanin marcar a data do julgamento do pedido da PGR para transformar os militares em réu.
Assim como o núcleo principal, capitaneado por Jair Bolsonaro (PL), todos os membros da organização criminosa serão julgados pela 1ª Turma do STF, que é presidida por Zanin e tem como membros Flávio Dino, Carmen Lúcia, Luiz Fux e o próprio Moraes.