Paulinho da Força transforma anistia em “PL da Dosimetria” após reunião com Temer e Aécio; Sóstenes reage

Paulinho da Força anuncia “PL da Dosimetria” após reunião com Michel Temer e Aécio Neves

Proposta substitui ideia de anistia ampla e prevê redução de penas, sem absolvições, para envolvidos nos atos de 8 de janeiro

O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto que trata da situação dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, anunciou que a proposta passará a ser chamada de Projeto de Lei da Dosimetria. O objetivo, segundo ele, é revisar penas aplicadas, mas sem extinguir condenações.

O anúncio foi feito após reunião na noite de quinta-feira (18/9), na residência do ex-presidente Michel Temer (MDB), que contou também com a presença do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e, de forma remota, do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Durante o encontro, houve ainda contato com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Veja o vídeo

Mudança de estratégia

Inicialmente conhecido como “PL da Anistia”, o texto tinha como expectativa beneficiar os mais de 100 condenados que ainda cumprem pena na Papuda. No entanto, segundo Paulinho, a proposta agora não prevê perdão, mas sim modulação das penas.

“Ninguém que participou do planejamento, financiamento ou depredação deixará de ser condenado, mas poderá ter redução de pena”, afirmou o relator.

A expectativa é que os 141 presos ainda em regime fechado possam obter progressão, enquanto os condenados do núcleo central, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), teriam apenas reduções parciais, mantendo as sanções já aplicadas pelo STF.

Pacto político e jurídico

Durante o jantar, Michel Temer defendeu a ideia de um “pacto republicano” envolvendo Congresso, STF e Executivo. Ele afirmou que a nova formulação pode abrir caminho para “um resultado positivo” ao substituir a anistia pela reavaliação das penas.

Aécio Neves lembrou que o STF já considerou inconstitucional uma anistia para crimes contra o Estado Democrático de Direito. Para ele, a nova nomenclatura permite reduzir tensões entre Congresso e Judiciário:

“Essa nova nomenclatura é absolutamente adequada para que possamos fazer justiça, permitir que essas pessoas retomem suas vidas e o Brasil avance em sua agenda”, disse Aécio.

Reação no Congresso

A mudança de enfoque gerou divergências dentro do próprio PL. O líder da legenda na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), inicialmente comemorou a escolha de Paulinho como relator, mas criticou a possibilidade de o Legislativo discutir reduções de pena já fixadas pelo Judiciário.

Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), em viagem aos Estados Unidos, divulgou vídeo pedindo resiliência aos apoiadores e afirmando que a tramitação do projeto enfrentará etapas difíceis no Senado e na sanção presidencial.

Próximos passos

Paulinho deve iniciar conversas com líderes partidários para definir parâmetros de redução de pena em crimes contra a democracia. Uma nova reunião com ministros do STF também está prevista. O tamanho da redução das penas, contudo, ainda não foi discutido.