Boulos mostra o que acontecerá com a vilã Odete Roitman e o motorista Jarbas caso o governo Lula aprove a isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil e alerta para manobra do Centrão e de bolsonaristas para livrar ricaços.
ATENÇÃO! Entenda o que direita está tramando para tentar sabotar a isenção do Imposto de Renda. pic.twitter.com/6XR0Ey0AIo
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) October 1, 2025
Para ilustrar, a equipe de Boulos comparou as realidades de Odete Roitman – “rica, mas podre de rica, do tipo que mora em uma cobertura e manda em uma companhia aérea” – e o motorista de aplicativo e da família Roitman, Jarbas, em alusão aos personagens de Débora Bloch e Leandro Firmino na nova versão da trama global Vale Tudo.
“O que muda na vida desses dois se o projeto do governo que está no Congresso for aprovado? O Jarbas e todo trabalhador que ganha até 5 mil reais, fica isento do imposto de renda. Já a Odete passa a pagar 10% sobre sua fortuna. E você sabe quem está surtando com essa proposta, né? Pra fazer justiça, precisamos pressionar o Congresso. Tá na hora das Odetes pagarem a parte delas e deixarem o Jarbas respirar”, diz o vídeo compartilhado por Boulos com a #taseasodetes.
Assista
Taxação de Odete Roitman já! IR Zero para Jarbas. pic.twitter.com/AtreRcNLgj
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) September 30, 2025
Isenção do IR: apenas uma das 53 emendas vai contra interesses dos ricaços
Projeto relatado por Arthur Lira recebeu 53 emendas, majoritariamente do Centrão e da base bolsonarista, que buscam criar bomba-fiscal para o governo Lula. Jabutis incluem até dedução de compras de produtos para pets.
Das 53 emendas apresentadas ao PL 1087/2025, relatado por Arthur Lira (PP-AL), que devem servem debatidas em plenário na Câmara nesta quarta-feira (1º), apenas uma, de autoria da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), vai contra os interesses dos super ricos.
A matéria relatada por Lira, que coordenou o grupo especial na Câmara, transformou em Projeto de Lei a Medida Provisória (MP) enviada pelo governo Lula que prevê a isenção do Imposto de Renda para milhões de brasileiros que ganham até R$ 5 mil mensais. Como compensação, o Ministério da Fazenda, comandado por Fernando Haddad, propôs taxação progressiva dos chamados super ricos, que têm rendimentos acima de R$ 50 mil mensais, com teto de 10%.
Na emenda apresentada, Tabata dobra esse teto, propondo que a alíquota do IR “cresça linearmente de zero a 20% para rendimentos superiores a R$ 600.000 (seiscentos mil reais) e inferiores a R$ 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil reais) e seja de 20% para aqueles com rendimentos iguais ou superiores a R$ 1.800.000”.
“O Projeto de Lei nº 1.087, de 2025, representa uma janela de oportunidade para que esta Casa se debruce com firmeza sobre a temática da falta de progressividade do nosso sistema de tributação. A discussão e o aperfeiçoamento da legislação tributária, para que esta sirva como instrumento de combate à avassaladora concentração de renda verificada no Brasil, são uma necessidade inadiável”, justifica a deputada.
Lobbys para ricaços e jabutis
Segundo levantamento do instituto MaisProgresso.org, conferido pela Fórum, das 53 emendas apresentadas 37 delas criam armadilhas para instalação de uma bomba-fiscal nas contas do governo, ampliando isenções ou reduzindo as compensações, especialmente em benefícios dos ricaços.
Essas 37 emendas estão entre as 44 que foram apresentados por comissões ou deputados que fazem lobby para setores, especialmente de endinheirados.
Palco do lobby dos ruralistas, a Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural apresentou nove emendas, todas elas para pedir a retirada de setores do agro da taxação – ou propondo manobras tributárias para restituir o imposto.
Em uma das emendas, a Comissão ainda cria um jabuti inserindo a isenção de impostos para compra de agrotóxicos alegando que “a emenda alinha a política tributária à realidade tecnológica do campo, protege a segurança alimentar, reduz a inflação de alimentos e fortalece a competitividade do agronegócio brasileiro sem sacrificar a receita pública de médio prazo”.
Um outro jabuti – jargão para emendas nonsense que buscam pegar carona na aprovação do PL -, a deputada Renata Abreu (Podemos-SP) pede a dedução no imposto de rendas de gastos com pets, como são chamados os animais de estimação. “Trata-se de um benefício justo e necessário, tendo em vista que os animais domésticos ocupam um lugar de destaque na vida emocional das pessoas”, justifica a deputada, presidenta nacional do Podemos.
Quase a totalidade das emendas foram propostas por deputados do Centrão – que representam lobbys – e pela base bolsonarista, que articulam um golpe para afundar a proposta do governo, que será a principal bandeira de Lula nas eleições de 2026.
Em dobradinha com Ciro Nogueira, presidente do PP e principal lobista da Faria Lima, o deputado Claudio Cajado (PP-BA) é um dos autores das emendas que pretendem instalar uma bomba-fiscal nas contas do governo.
Em emenda tramada junto com Nogueira, após o senador se comprometer a retirar o aumentos das tarifas sobre os ricaços em evento na Faria Lima, Cajado amplia a isenção para quem ganha até R$ 7.350 mensais, aumentando o rombo nas contas públicas.
Por outro lado, o deputado pepista chega a citar o economista francês Thomas Piketty – autor de O Capital no Século XXI – para mascara uma manobra para retirar a taxação dos super ricos alegando “baixa
tributação na faixa dos 0,2% mais ricos” e propondo a criação de um adicional de 5% na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das instituições financeiras que apurarem resultado superior a R$ 1 bilhão de reais – que poderia ser derrubado em outras votações.
Segundo o levantamento feito pelo MaisProgresso.org além da única proposta propositiva, cinco são classificadas como neutras, três como neutras com ressalvas e 7 como “estranhas à matéria” – ou seja jabutis que imperam junto com as emendas apresentadas pelos lobbys dos ricaços na Câmara.