O presidente Lula respondeu às indagações da imprensa acerca da aprovação do Projeto de Lei (PL) da Dosimetria no Senado, durante café com jornalistas nesta quinta-feira (18). Ele destacou que não foi informado da articulação feita pelo líder do governo na casa, senador Jaques Wagner (BA).
Wagner teria realizado um acordo “de procedimento” para que o PL da Dosimetria fosse à votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por conta de uma movimentação que já se mostrava vencida após a rejeição do adiamento da pauta. Procurada na ocasião, a equipe do senador afirmou que não houve tal acordo. Depois, porém, o próprio Jaques Wagner admitiu que o acordo sem consultar o governo.
Mais tarde naquele dia, com a aprovação do PL da Dosimetria e da PLP 128, que reduz benefícios fiscais de diversos setores e tributa bets e fintechs, instalou-se um cenário de animosidade. O acordo costurado por Wagner consistiria em não impedir a votação da Dosimetria, e em troca a oposição não atrapalharia a votação da PLP 128, de interesse do governo Lula.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), trocou críticas públicas com o Jaques Wagner por conta do acordo costurado pelo senador. Em outra ponta, o líder do PT na Câmara, deputado federal Lindbergh Farias (RJ), criticou a aprovação do PL da Dosimetria, que reduz as penas dos condenados por tentativa de golpe de Estado, entre elas a do ex-presidente Jair Bolsonaro, e anunciou ação no STF para barrar a proposta.
A Fórum também havia apurado que, mesmo que o PL da Dosimetria passasse — o que foi confirmado à reportagem por diversos parlamentares do Centrão e de oposição —, a perspectiva era de que Lula sancionasse com vetos a medida.
Quanto a isso, Lula ressaltou, em resposta a uma pergunta feita pela jornalista Cynara Menezes, da Fórum, que, apesar do cenário adverso, o Congresso Nacional deve se orientar de acordo com o jogo político: “Se houve acordo com o governo eu não fui informado”, adiantou Lula. “O Congresso tem direito de fazer as coisas. Eu tenho o direito de vetar, é assim que é o jogo”, continuou.
Unificação das visões
Mais cedo, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), destacou a falta de diálogo do senador Jacques Wagner (PT-BA) na hora de articular as ações sobre o Projeto de Lei (PL) da Dosimetria, que foi alvo de críticas de parlamentares da base durante a discussão na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal.
Ele defendeu o senador, e ponderou que não era preciso tanta agressividade tanto com o Partido dos Trabalhadores (PT) quanto com o parlamentar – tendo em visto que a bancada petista no Senado votou contra o projeto.
“Eu acho que o que faltou foi uma conversa antes, porque a bancada do PT no Senado votou toda contra o projeto. Foi uma divergência no método e não no conteúdo da matéria”, explicou Guimarães. “Também não merece essa pauleira toda que tão fazendo como se o PT tivesse votado a favor do projeto. Mas é mais ou menos isso. Eu acho que faltou esse diálogo”, continuou. “É claro que é a minha posição, mas eu consulto o governo. Muitas das vezes eu falo até com o presidente nesses momentos de tensão aqui dentro”, completou.
Guimarães ainda revelou que o presidente Lula havia convocado uma reunião de emergência para discutir o novo episódio envolvendo o escândalo do INSS, que acarretou no senador Weverton Rocha (PDT-MA) como alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) nesta quinta. Ele defendeu que as investigações sigam até a responsabilização dos envolvidos.
“A gente tem que ter tranquilidade. Quando essas coisas acontecem, é preciso ir até o fim na apuração e na punição dos responsáveis, tenham cometido crime ou não”, disse Guimarães, que reiterou que casos como esse não comprometem o cenário eleitoral porque demonstram que o governo apura as irregularidades. “O problema não é a indicação, é o que acontece lá na conta”, afirmou, ao fazer um paralelo com o debate sobre as emendas parlamentares.






