Misoginia
DEBATE BAND: Mulheres, atacadas por Bolsonaro, roubam o protagonismo de 1º debate
Este domingo (28) marcou um dos principais acontecimentos da campanha deste ano, quando o Brasil vai às urnas para decidir os destinos do país nas eleições gerais de outubro.
O primeiro debate entre os candidatos à presidência da República colocou os dois principais adversários desta disputa, segundo os institutos de pesquisa, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), frente a frente. O protagonismo, no entanto, ficou com as mulheres.
O encontro foi uma iniciativa do portal UOL, do Grupo Bandeirantes, do jornal Folha de S. Paulo e da TV Cultura, e realizado nos estúdios da Band, na Zona Sul da cidade de São Paulo.
Ao todo, foram convidados seis candidatos; Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe d’Avila (Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). A organização definiu as regras em reunião com as campanhas e a posição de cada candidato no estúdio foi definida por sorteio.
Lula e Bolsonaro ficariam lado a lado. Porém, minutos antes do encontro, segundo os organizadores, as coordenações das campanhas pediram para que o lugar deles fosse alterado. A medida provocou protestos por parte de Ciro:
Na chegada, os participantes atenderam os profissionais de imprensa. Bolsonaro adiantou que não apertaria a mão de Lula, a quem chamou de ladrão, e negou ter pedido para trocar de lugar.
O debate foi dividido em três momentos com perguntas sobre programas de governo, confronto entre os candidatos e questões feitas por jornalistas.
Tebet é destaque do 1º bloco
No primeiro bloco, os candidatos foram perguntados pelos jornalistas com temas divididos em duplas. Soraya e Luiz Felipe foram indagados sobre economia; Tebet e Bolsonaro, relações institucionais, e Lula e Ciro, educação.
Em seguida, os candidatos escolheram um adversário para perguntar. Aquele que fazia o questionamento, teve direito a réplica. Cada um só poderia fazer uma pergunta e ser escolhido para responder uma vez.
E logo de cara o embate tão esperado aconteceu. Bolsonaro escolheu Lula e questionou sobre casos de corrupção na Petrobras. Bolsonaro citou como base a deleção do ex-ministro Antônio Palocci e acusou o governo Lula de ter sido “o mais corrupto da história”. Em resposta, o petista trouxe dados sobre ações concretas no combate à corrupção implementadas naquele período.
Em seguida, Ciro indagou Bolsonaro sobre a fome. Bolsonaro questionou os números, disse que seu governo pensa nos mais pobres e confundiu-se ao citar números, como o valor de um dólar na cotação em real. Depois Felipe optou por Ciro e o tema foi educação.
Soraya perguntou sobre saúde para Tebet. A senadora do Mato Grosso do Sul criticou duramente a atuação de Bolsonaro diante da pandemia de Covid-19 dizendo não ter visto o presidente pegar sua moto e ir visitar algum hospital no auge dos casos de Covid-19 no país. Fechando o bloco, Lula abordou a questão ambiental com Felipe, Tebet devolveu a escolha de Soraya e as senadoras trataram de educação.
Bolsonaro ataca mulheres; jornalista e candidata
O segundo bloco contou com perguntas de seis jornalistas dos veículos de comunicação que organizaram o debate. Cada jornalista escolheu um candidato para responder e outro para comentar.
Bolsonaro e Lula tiveram novo confronto. A pergunta, para o candidato à reeleição, foi sobre auxílio emergencial e programas sociais. Bolsonaro prometeu manter o auxílio em R$ 600, chamou Lula de mentiroso, garantiu que o país tem recursos para efetivar esses investimentos e que a economia “está bombando”. Ciro teve como tema a vacinação e foi contundente em criticar a gestão de Bolsonaro, a quem classificou de “desastre”.
Nesse momento, Bolsonaro se alterou, atacou a jornalista Vera Magalhães, autora da pergunta, ao dizer que a profissional sonha com ele e que é ela “uma vergonha para o jornalismo brasileiro”.
Depois, a relação Ciro e Lula foi tratada em questionamento ao petista, que disse ter respeito pelo adversário. Lula arrancou risos de Ciro ao dizer que o pedetista tem o coração mais mole que a língua e acredita numa aliança futura. O ex-governador do Ceará fez acusações contra o ex-aliado e Lula cobrou que um dia ele lhe peça desculpas.
Tebet e Soraya trataram da figura da mulher na vida pública e na sociedade, num momento de nova calmaria, ainda que temporária, do encontro. Tebet aproveitou o tempo para retrucar Bolsonaro por uma acusação anterior e disse, com dedo em riste, não ter medo do atual presidente. Soraya também enfrentou Bolsonaro, prometeu fazer revelações e pediu reforço na sua segurança. Depois, Felipe e Tebet debateram sobre infraestrutura.
Duelo Ciro X Bolsonaro marca bloco final
O último bloco teve mais uma rodada de perguntas e respostas entre os candidatos, com réplica para aquele que fez o questionamento, novamente jornalistas fazendo questionamentos em dupla e, ao fim, as considerações finais de cada participante.
Tebet começou e indagou Bolsonaro sobre sua postura diante das mulheres e o acusou de dividir o país, o que ele negou. “Só pregamos o amor”, disse. Em seguida, Soraya questionou Lula sobre seu projeto econômico para o Brasil, e disse que o projeto feito por assessores é “mofado”. Lula rebateu dizendo que se a candidata não viu o país da época de seu governo, os funcionários dela viram.
Ciro e Felipe seguiram no tema economia, falando de taxa de juros. Depois, as mulheres voltaram ao centro do debate, na pergunta de Bolsonaro para Ciro Gomes. O ex-governador do Ceará, explicou que a forma e as falas de Bolsonaro sobre as questões femininas causam perplexidade e fazem com que muitos não conseguiam reconhecer suas intenções. Ambos citaram frases polêmicas contra às mulheres. Ciro atacou Bolsonaro de não ter escrúpulos.
Ao falar sobre a pandemia, Lula perguntou para Tebet sobre corrupção no enfrentamento da Covid pelo governo Bolsonaro. O petista conseguiu arrancar de Simone a afirmação de que, segundo ela, houve má gestão do dinheiro, sobretudo, no processo de compra das vacinas indianas da Covaxin.
Felipe e Soraya discutiram sobre o fundo eleitoral. Soraya defendeu a destinação desta verba, considerando que nem todos tem o patrimônio do adversário.
Sobre a legalização das aramas, Ciro e Soraya se colocaram contrários ao porte nos moldes liberados pelo governo atual. Tebet e Lula foram chamados a falar sobre a presença da mulher na formação dos governos e em cargos ministeriais. Lula não assumiu o compromisso de formar um ministério com 50% de mulheres, proposta na pergunta. Tebet, prometeu esse percentual, caso eleita. A mesma temática esteve na rodada final, envolvendo Felipe e Bolsonaro, antes da rodada de considerações finais onde cada candidato reforçou suas promessas de campanha.
Bolsonaro, em seu tempo, reforçou a polarização e usou seus dois minutos para atacar o ex-presidente Lula, a quem chamou, como já havia feito, de ex-presidiário. Lula pediu e teve direito de resposta concedido. O petista defendeu sua inocência e prometeu revogar os decretos de sigilo secreto impostos pelo governo Bolsonaro. www.srzd.com