A hora da verdade chega para Bolsonaro e leva insegurança a apoiadores – Por Nonato Guedes

Aproxima-se a hora da verdade para o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), refletida numa decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a decretação ou não de sua prisão em regime fechado por alegado envolvimento em atos antidemocráticos e articulação de um golpe de Estado. Bolsonaro já cumpre pena de prisão domiciliar, mas a sinalização de um desfecho mais duro, que deve acontecer no dia 14 de novembro, provoca insegurança para os apoiadores do ex-mandatário.

Será no dia 14 o fim do julgamento no plenário virtual da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal do recurso de defesa de Bolsonaro contra a condenação a 27 anos e três meses de prisão, e todas as previsões indicam que o recurso será rejeitado. Com isso, Bolsonaro estará a um passo do regime fechado, com provável escala pela Papuda antes da análise de um previsível pedido de reclusão domiciliar humanitária.

No mesmo dia 14 de novembro, a Primeira Turma inicia o julgamento da denúncia em que a Procuradoria acusa o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, de crime de coação contra autoridades envolvidas no processo sobre a
trama do golpe. A denúncia – revela o UOL – será convertida em ação penal, elevando de denunciado a réu o status do parlamentar autoexilado nos Estados Unidos, de onde comandou uma orquestração de lesa-pátria, difamando a imagem do seu país e defendendo sanções econômicas contra produtos brasileiros como manobra para forçar o Supremo a descondenar Jair Bolsonaro. O colunista Josias de Souza observa que pai e filho tornaram-se protótipos de uma família autossuficiente porque eles mesmos cometem os crimes, eles mesmos fornecem as provas, eles mesmo complicam a defesa. “O clã Bolsonaro consolida-se como um convite para a revisão da teoria de Darwin: oferece eloquentes indícios de que está em curso um processo de regressão de certas espécies”, pontua o articulista.

O desfecho do “caso Bolsonaro” interessa diretamente à sociedade brasileira, que tem respirado nos últimos anos o clima de polarização acirrada entre o ex-presidente e o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)., Afinal, há pelo menos três meses Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar, enquanto se arrastam a coleta de provas, os depoimentos de testemunhas (de defesa e de acusação), embargos judiciais protelatórios e intervenções pontuais de ministros da Suprema Corte na análise de
fatos e evidências relacionados a episódios de atentado contra as liberdades públicas no Brasil e contra a própria Constituição. Nesse período, bolsonaristas e anti- bolsonaristas chegaram a promover atos públicos pelo país, externando opiniões contra e a favor da condenação, numa jogada estratégica para manter ativos os militantes dos respectivos cordões e engajá-los nas bandeiras opostas que têm sido submetidas ao crivo da opinião pública nacional e internacional. Uma conjuntura que é acompanhada de perto por governos e representações diplomáticas de diversos países, diante do paradigma que o desfecho pode representar na vida institucional das nações.