Advogado renuncia à defesa de Mauro Cid, que contrata novo representante legal especialista em delação premiada

O advogado Rodrigo Roca renunciou, nesta quarta-feira,  (10), a defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

Cid foi preso na semana passada durante uma operação da Polícia Federal contra supostas adulterações em carteiras de vacinação, incluindo a do ex-presidente. Agentes também apreenderam 35 mil dólares e 16 mil reais em dinheiro vivo na casa do militar, em Brasília. A acusação é de que ele faz parte de uma organização criminosa que fraudava certificados de imunização para driblar legislações do Brasil e dos Estados Unidos.

“Renuncio à defesa dos interesses do Cel. Mauro Cid nos inquéritos em que figura como investigado, por razões de foro profissional e impedimentos familiares da minha parte”, disse Roca em mensagem enviada ao blog de Andreia Sadi, no G1.

A TV Globo informou, na última terça-feira, (9), que a perícia no celular do tenente-coronel identificou conversas sobre remessas de dinheiro ao exterior. Segundo a emissora, há mensagens trocadas entre Cid e o suposto operador de sua conta nos Estados Unidos. A tendência, agora, é de que os investigadores solicitem a quebra de sigilo da conta.De acordo com a GloboNews, existe um racha na estratégia de defesa. O entorno de Cid – principalmente familiares – não aceita que ele assuma toda responsabilidade por eventuais delitos sozinho. O advogado Roca, por sua vez, não faz delação premiada. Muito próximo à família Bolsonaro, ele deixou a defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e, agora, também a de Cid.

Novo advogado de Mauro Cid escreveu livro sobre delação premiada

Mauro Cid constituiu o advogado criminalista Bernardo Fenelon, que é especialista em crimes do colarinho branco e lançou o livro A Colaboração Premiada Unilateral

O tenete-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de orden de Jair Bolsonaro, sinalizou que poderá falar o que sabe sobre o esquema de fraude em certificados de vacina.

Após a saída do advogado Rodrigo Roca, que tinha proximidade com a família Bolsonaro, Mauro Cid constituiu o advogado criminalista Bernardo Fenelon, que é especialista em crimes do colarinho branco e colaboração premiada

Em junho de 2022, Fenelon lançou o livro A Colaboração Premiada Unilateral, onde ele traz um novo ponto de vista das possibilidades de sua aplicação na prática. Ao site Metrópoles, Bernardo Fenelon explicou que o livro é uma análise profunda dos nove anos de colaboração premiada.

“Desde 2013, quando o instituto da colaboração premiada entrou em vigor, muitas dúvidas técnicas e práticas surgiram a respeito da utilização dessa ferramenta de investigação, especialmente em decorrência da reiterada utilização do instituto ao longo de toda a Operação Lava Jato. O livro encara essas questões com pragmatismo”, afirmou Fenelon na ocasião.