O entorno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), passou a defender abertamente um movimento gradual, cauteloso e sem pressa de afastamento da família Bolsonaro, ao mesmo tempo em que projeta para o fim de fevereiro ou início de março o anúncio de sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Entre interlocutores próximos ao governador, a avaliação predominante é de que a candidatura presidencial do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) não deve se concretizar. Para esse grupo, o lançamento do nome do senador seria um movimento calculado pela família Bolsonaro para manter ativa a narrativa de perseguição política, reforçar a defesa pela anistia, preservar o poder de influência da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e, sobretudo, medir o “valor eleitoral” do bolsonarismo antes de negociar apoio para 2026.
Tempo a favor
A leitura nos bastidores é de que o cenário atual favorece Tarcísio. Com a expectativa de que Flávio não leve sua candidatura até o fim, aliados acreditam que o governador deve usar esse período para “jogar parado”, sem confrontos diretos, mas consolidando uma separação gradual entre sua imagem e a da família Bolsonaro.
A declaração de Tarcísio nesta segunda-feira (8), após três dias de silêncio, foi interpretada nessa direção. Ao mesmo tempo em que manifestou apoio a Flávio, o governador destacou que haverá outras candidaturas no campo da oposição, gesto visto como um afago público à família Bolsonaro, mas também como sinalização de autonomia.
Clima no eleitorado
Avaliações internas apontam que o eleitorado de 2026 não demonstra interesse por um candidato de oposição a Lula que carregue o sobrenome Bolsonaro ou que apresente perfil semelhante ao do ex-presidente. Aliados também acreditam que o mesmo eleitorado não desejaria reeleger Lula, por considerá-lo associado a um ciclo político esgotado.
Pesquisas que chegam ao gabinete do governador reforçam essa percepção. Elas indicam que Tarcísio reúne uma combinação considerada ideal pelos estrategistas: alta taxa de desconhecimento nacional, que permite expansão, e baixa rejeição. Lula, por outro lado, aparece com elevado índice de conhecimento, mas também com rejeição alta cenário que, segundo aliados, favorece um nome “novo” no debate nacional.
Republicanos alinha estratégia
A avaliação é compartilhada pela cúpula do Republicanos. O presidente do partido, Marcos Pereira, evitou participar da reunião realizada nesta segunda-feira entre Flávio Bolsonaro e lideranças do Centrão movimento interpretado como um recado político de que a sigla não pretende se amarrar à candidatura do senador.
Nos bastidores, cresce a percepção de que Tarcísio deverá assumir seu caminho próprio na disputa presidencial, com espaço para se consolidar como alternativa competitiva fora da órbita direta do bolsonarismo.






