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Ataques bolsonaristas irritam Hugo Motta e abrem caminho para reaproximação com Lula

Os recentes ataques de bolsonaristas na Câmara dos Deputados, incluindo a ocupação da mesa diretora da Casa, provocaram forte reação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que estaria profundamente irritado com a tentativa de afronta à sua autoridade. A análise é do jornalista Waldo Cruz, publicada no Blog do G1, e aponta que a crise pode acabar aproximando Motta do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Segundo interlocutores do deputado, a cena de truculência patrocinada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não passou despercebida e gerou incômodo direto. Como resposta, Motta determinou que sua equipe avalie os registros em vídeo do plenário e não descarta advertir formalmente os parlamentares envolvidos no episódio.

Diante da repercussão negativa, líderes da oposição passaram a quinta-feira (7) tentando acenos ao presidente da Câmara para não comprometer o andamento de pautas de interesse direto, como o fim do foro privilegiado e a anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Sobre o fim do foro privilegiado, Waldo Cruz destaca que há uma PEC pronta para votação em segundo turno, e que o tema conta com apoio do Centrão e de partidos da base governista, o que deve facilitar sua tramitação.

Já a proposta de anistia enfrenta forte resistência. Uma alternativa, já colocada em debate pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), seria a aprovação de redução de pena para os condenados que não tenham ligação direta com a cúpula golpista.

Nos bastidores, o clima continua tenso. Aliados de Hugo Motta demonstraram irritação com a atitude de bolsonaristas que buscaram o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para tentar contornar a crise. De acordo com Motta, não houve qualquer tipo de acordo nesse sentido. O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, chegou a pedir perdão pessoalmente ao presidente da Casa.

As próximas votações no Congresso serão decisivas para medir o impacto dessa crise e a possível reconfiguração das alianças políticas na Câmara. Para Waldo Cruz, o efeito pode ser o oposto ao planejado pela oposição: os ataques bolsonaristas podem ter empurrado Hugo Motta para mais perto do Palácio do Planalto.

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