BRIGAS ACIRRADAS: Relembre as grandes disputas pela Prefeitura de Cajazeiras

As eleições municipais são famosas por suas disputas acirradas e históricas que norteiam milhares de cidades do país a cada quatro anos.

Aqui na Paraíba, cada município tem sua particularidade. Existem aquelas cidades onde a população é totalmente dividida e que as eleições são decididas por uma margem mínima de votos, por outro lado vemos locais capitaneadas por famílias ou grupos políticos, que conseguem ficar mais de 20 anos no poder.

Após o fim da Ditadura Militar, houve a instauração do pluripartidarismo e o retorno das eleições livres na capital, o que proporcionou uma maior liberdade e mudanças profundas na política paraibana que se intensificaram a partir de 1985.

Nessa matéria nós iremos relembrar seis das disputas mais acirradas em Cajazeiras, seus atores políticos e todo o enredo de grandes embates da história na cidade que ensinou a Paraíba a ler.

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Arte: Marcelo Jr

Epitácio Leite Rolim é um dos maiores nomes da política no sertão do estado. Epitácio foi Deputado Estadual, Prefeito de Cachoeira dos Índios e gestor de Cajazeiras por três mandatos.

Na eleição de 1988, Zerinho foi eleito Vice-Prefeito na chapa encabeçada pelo médico Antonio Vituriano de Abreu, que derrotou as forças tradicionais de Cajazeiras, tendo a frente Chico Rolim e Epitácio Leite Rolim.

Após a derrota do grupo em 1988, Epitácio decidiu se candidatar mais uma vez em 1992, após ter ficado no poder entre 1983 e 1988, e essa disputa seria contra Zerinho que estreava como cabeça de chapa.

A eleição teve quatro candidaturas: Zerinho (MDB), Epitácio Leite Rolim (PFL), Francisco Deusdedit (PSDB) e Severino Dantas (PT).

Em uma eleição disputada voto a voto, Zerinho aplicou a segunda derrota seguida ao grupo Rolim, com apenas 114 votos de diferença, ao atingir 10.553 votos, contra 10.439 de Epitácio.

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Arte: Marcelo Jr

O pleito de 1996 marcava o encontro entre os dois nomes que comandaram a cidade nos anos 80. Epitácio Leite Rolim e Vituriano de Abreu, mediram forças para demonstrar quem era o político mais poderoso em Cajazeiras.

A eleição englobou apenas três candidaturas: Epitácio Leite Rolim (PFL), Vituriano de Abreu (PPB) e Telma Elizabeth (PDT).

A vitória de Vituriano nas eleições de 1988, foi um marco na cidade, que ficou por 25 anos em comando do grupo Rolim. O então Prefeito naquela ocasião era Epitácio, que estava terminando o seu segundo mandato e que apoiou o ex-mandatário Chico Rolim, que estava buscando sua terceira vitória em Cajazeiras.

Vituriano se elegeu com quase 4 mil votos de vantagem, em uma demonstração de força e renovação na política da cidade. Após o seu mandato, Abreu apoiou o seu vice, José Nello Rodrigues o Zerinho, que venceu Epitácio, ratificando a sua força perante o eleitorado cajazeirense.

Epitácio e Vituriano disputaram as eleições de 1994, quando Rolim foi eleito Deputado Estadual e Abreu ficando na segunda suplência do MDB.

O acirramento da última eleição se repetiu no pleito de 96, com a terceira vitória de Epitácio, que teve uma margem de apenas 436 votos, ao atingir 12.725 versus 12.289 de Vituriano.

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Arte: Marcelo Jr

Epitácio Leite Rolim preferiu não disputar a reeleição em 2000, apresentando o nome do médico Carlos Antônio que não tinha experiência na política e que venceu o ex-Prefeito Vituriano Abreu, com quase 5 mil votos de diferença.

Após romper com o grupo de Epitácio, o Prefeito disputou a reeleição contra o filho do ex-Prefeito Vituriano, que estava concorrendo pela primeira vez a um cargo eletivo.

A eleição englobou apenas essas duas candidaturas: Carlos Antônio (PSDB) e Léo Abreu (PP).

A chapa de Léo Abreu teve o reforço do ex-Prefeito Epitácio Leite Rolim, que se candidatou a vice, após ter derrotado o pai de Léo em duas eleições seguidas. O grupo de Abreu também contava com o apoio dos ex-prefeitos Vituriano e Antonio Quirino de Moura e do então Vice-Prefeito Padre Francivaldo.

Carlos Antônio trouxe o empresário Walter Marques Cartaxo para compor a sua chapa, que contava com o apoio do Governador Cássio Cunha Lima e do Deputado Estadual José Aldemir.

Mesmo contra uma oposição numerosa e influente, Carlos Antônio conseguiu se reeleger ao atingir 16.766 votos (55,74%), contra 13.312 (44,26%) de Léo Abreu.

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Arte: Marcelo Jr

O pleito de 2008 colocou a prova a força de Carlos Antônio ao indicar um nome que não foi unanimidade no grupo da situação, contra uma oposição que sentia o cheiro da vitória em 2008.

A eleição englobou mais uma vez apenas duas candidaturas: Marinho Messias (DEM) e Léo Abreu (PSB).

O então Deputado Estadual José Aldemir era um dos principais aliados de Carlos Antônio e se apresentava como um possível candidato a Prefeitura em 2008. Junto a Zé Aldemir, quem também aparecia com intenções de disputar o cargo era o procurador geral do município, Adjamilton Pereira, a vereadora Lea Silva e o presidente da Câmara, Marcos Barros

Mas os planos do Prefeito eram outros, e o escolhido foi o empresário e Diretor do Hospital Regional de Cajazeiras, Marinho Messias. Estreante na política, a escolha de Marinho causou bastante controvérsia na época, por ser alguém considerado pouco popular e que não tinha a experiência necessária para disputar a Prefeitura, em sua primeira eleição.

Para tentar aparar as arestas com seu grupo político, Carlos Antônio convidou a esposa de José Aldemir e também estreante na política, Doutora Paula, para ser a Vice na chapa de Marinho.

Léo Abreu teve ao seu lado em 2008, o importante apoio do Deputado Estadual Jeová Campos, que se elegeu em 2006, após 8 anos afastado da política. O companheiro de chapa foi o jovem Vereador, Carlos Rafael, que despontava como um novo nome da política cajazeirense, ao se eleger em 2004, com apenas 18 anos.

A percepção de que Marinho não era o nome mais adequado a concorrer a Prefeitura se confirmou, com Léo Abreu ganhando a eleição ao atingir 16.749 votos (52,39%), versus 15.223 (47,61%) de Marinho.

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Arte: Marcelo Jr

Reviravoltas impressionantes marcaram Cajazeiras, entre 2008 e 2012. Passando por renúncia e mudança de candidato de última hora, o pleito de 2012 é a epítome de quatro anos turbulentos na cidade que ensinou a Paraíba a ler.

A eleição englobou três candidaturas: Carlos Rafael (PTB), Doutora Denise (PSB) e Gildemar Pontes (PSOL).

O mandato de Léo Abreu foi acidentado desde o princípio, a administração não empolgava e a sua comunicação não conseguia passar à população os seus feitos. Por mais de uma vez, o Prefeito ameaçou renunciar, sendo firmemente contido pelo círculo familiar, por não concordar com as pressões a que vinha sendo submetido.

O Prefeito concedeu várias oportunidades para que o vice-prefeito Carlos Rafael assumisse o cargo. Sempre que ausentava-se do município, deixava o comando administrativo nas mãos do substituto.

No dia 16 de maio de 2011, Léo Abreu afirmou que não aguentava a pressão e o desalento com a política, e decidiu renunciar ao cargo, se tornando o único Prefeito da história de Cajazeiras a não terminar o mandato.

Com apenas um ano e meio de mandato, Carlos Rafael, teve que trabalhar com uma Câmara de Vereadores que tinha virado às costas a Léo Abreu, com sete dos 10 parlamentares, estando na oposição.

O principal adversário do Prefeito, seria o ex-mandatário Carlos Antônio, que havia disputado às eleições de 2010, como primeiro suplente de Senador na chapa de Efraim Morais, que ficou na quarta colocação. Antônio, teve sua candidatura barrada pelo TSE, com base na Lei da Ficha Limpa e indicou nas vésperas da eleição, a sua esposa Denise Albuquerque em seu lugar.

Em uma eleição bastante acirrada e conturbada em todos os aspectos, o grupo de Carlos Antônio saiu vencedor, com Denise sendo eleita ao atingir 17.884 votos (53,02%), contra 15.144 votos ( 44,90%) de Rafael.

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Arte: Marcelo Jr

A eleição de 2016 botou frente a frente, dois ex-aliados históricos, que causaram furor em todo estado, com um rompimento que molda a política de Cajazeiras até os dias de hoje.

A eleição englobou três candidaturas: José Aldemir (PP), Doutora Denise (PSB) e Gobira (PSOL).

Os grupos de Zé Aldemir e Carlos Antônio foram parceiros em várias eleições, com a esposa de Aldemir, sendo inclusive Vice na chapa de Marinho, protegido de Antônio e derrotado em 2008.

O ânimo entre os aliados começou a desmoronar nas eleições de 2014, quando Zé Aldemir não aceitava votar em Ricardo Coutinho, principal nome do PSB, partido da Prefeita. Mas o estopim para o rompimento foi a traição na visão de Aldemir, feita pelo Vice-Prefeito, Júnior Araújo que teria coordenado a campanha de Jeová Campos em Cajazeiras, principal rival na disputa por votos por uma das cadeiras na Assembleia.

Finalmente, em agosto de 2015, Aldemir comunicou a ruptura com o grupo de Carlos Antônio, reafirmando que sairia candidato a Prefeito nas próximas eleições.

Um nome que não pode ser deixado de lado, é o de Gobira. Com seu jeito irreverente, o então desconhecido do grande público paraibano, apareceu como uma grande surpresa nas eleições de 2014, ao se candidatar a Câmara Federal, atingindo incríveis 48.157 votos, para alguém estreante na política.

E foram os votos de Gobira que foram primordiais para a acirrada vitória de José Aldemir, que venceu a eleição 16.926 votos ( 49,70%), versus 15.839 (46,51%) da Prefeita e 1.290 ( 3,79%) de Gobira.

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