As eleições municipais são famosas por suas disputas acirradas e históricas que norteiam milhares de cidades do país a cada quatro anos.
Aqui na Paraíba, cada município tem sua particularidade. Existem aqueles onde a população é totalmente dividida e que as eleições são decididas por uma margem mínima de votos, por outro lado vemos cidades capitaneadas por famílias ou grupos políticos, que conseguem ficar mais de 20 anos no poder.
Após o fim da Ditadura Militar, houve a instauração do pluripartidarismo e o retorno das eleições livres na capital, o que proporcionou uma maior liberdade e mudanças profundas na política paraibana que se intensificaram a partir de 1985.
Nessa matéria nós iremos relembrar as disputas mais acirradas em oito das maiores cidades do estado, tomando nota que por motivos populacionais, apenas João Pessoa e Campina Grande tem direito a realização de segundo turno.
João Pessoa não é famosa por suas eleições disputadas. Desde a redemocratização em 1985 e a instauração do segundo turno em 1988, apenas quatro eleições não foram decididas em primeiro turno.O pleito de 2012 é considerado por muitos a primeira grande eleição na história recente da capital. Estela Bezerra, Cícero Lucena, José Maranhão e Luciano Cartaxo protagonizaram um primeiro turno eletrizante, com Cartaxo na liderança e Cícero ficando na frente de Estela por menos de mil votos.
No segundo turno os eleitores de Maranhão e Coutinho preferiram seguir ao lado de um nome mais à esquerda e elegeram Luciano com uma larga vantagem sobre o ex-Prefeito.
Após sair do PT em 2015 e conseguir se reeleger em 2016, Cartaxo decidiu apoiar em 2020, a candidatura de sua Secretária Edilma Freire, que repetindo o caso de Estela não era muito conhecida pelos pessoenses. A eleição apresentava outros treze nomes, mas 5 eram os que apareciam com chances de segundo turno. O ex-Governador Ricardo Coutinho (PSB), que havia rompido com João Azevêdo e chegava enfraquecido para a eleição após os primeiros desdobramentos da Calvário, Ruy Carneiro (PSDB), que havia sido derrotado por Coutinho em 2004, Wallber Virgolino (Patriota) que havia sido eleito Deputado Estadual em 2018 pautado no bolsonarismo, Nilvan Ferreira (MDB) que mesmo filiado a um partido de centro, sempre se colocou mais inclinado a extrema-direita e Cícero Lucena (PP).
O ex-Prefeito não disputou a reeleição ao Senado em 2014 e estava um tanto quanto sumido da vida pública. No começo da campanha acidentada pela pandemia, poucos acreditavam em sua vitória. Mas o derretimento de Ricardo e a falta de apoio a candidata de Cartaxo abriram as portas para Cícero que conseguiu angariar votos de setores do centro e da esquerda que não queriam Nilvan ou Wallber vencendo. O primeiro turno foi incrivelmente mais disputado que 2012, com Cícero um pouco na frente ao atingir 20,72%, e Nilvan e Ruy disputando a segunda colocação voto a voto, com Ferreira ficando na frente.
Lucena conseguiu atrair aqueles que não desejavam o bolsonarismo na prefeitura, conseguindo vencer o segundo turno em uma porcentagem muito apertada ao atingir 185.055 votos (53,16%), contra 163.030 votos (46,84%).
Campina Grande tem um ritmo diferente da capital, as eleições que acabam em primeiro turno, são mais acirradas que em João Pessoa.
Aquela eleição foi bastante peculiar, a vice de Cássio era Cozete Barbosa (PT) que assumiu o mandato após a saída do Prefeito para o Governo em 2002. Cozete e Cássio romperam pouco depois e a Prefeita saiu candidata sem o apoio do seu antigo colega de chapa. O grupo Cunha Lima decidiu apoiar o Deputado Estadual Rômulo Gouveia, tendo como vice a estreante Daniella Ribeiro, em uma jogada que não seria pensada antes da eleição pois seu pai Enivaldo Ribeiro, havia perdido as últimas quatro eleições contra o Clã Cunha Lima.
Veneziano era Vereador no segundo mandato e tinha tido uma boa votação na disputa pela Câmara Federal em 2002. Vital decidiu sair do PDT onde tinha feito toda sua carreira política para se filiar ao MDB, formando uma chapa puro sangue ao lado de José Luiz Júnior.
Em 2008, os dois candidatos se reencontraram com Veneziano vencendo Gouveia em outro segundo turno muito acirrado.
A eleição de Cabedelo em 2008, englobou um Prefeito em sua segunda passagem pelo comando da cidade e um Vereador em ascensão.
Em 2004 retornou ao comando da cidade em grande estilo, derrotando o ex-Prefeito Sebastião Plácido e o então Prefeito Dr. Júnior. Nas eleições de 2008, o Prefeito disputou a reeleição contra Jose Maria de Lucena Filho, o Luceninha.
Luceninha havia sido eleito Vereador pela primeira vez em 1996, sendo reeleito em 2000 e 2004, sempre ficando entre os cinco primeiros. O Presidente da Câmara de Vereadores se credenciou para ser o nome da oposição em 2008.
A eleição só foi decidia por um pouco mais de mil votos (1.027), com Zé Régis se reelegendo, se tornando Prefeito pela terceira vez.
A eleição de 2008 em Sousa opôs um estreante na política versus um nome de uma das maiores famílias da política paraibana.
Após a saída de Salomão, André foi elevado a ser o candidato natural do grupo que dominava a cidade desde 2002. No outro lado, se apresentava um empresário que era estreante na política e que conseguiu unir a oposição.
Fabio Tyrone Braga de Oliveira havia fundado em 1994, a distribuidora alimentícia Pau Brasil, que em pouco temo, já havia se tornado uma das moires empresas do ramo na Paraíba.
Tyrone e seu grupo conseguiram de forma surpreendente destronar os Gadelhas do poder em uma eleição que foi decidida por apenas 121 votos.
O Prefeito decidiu não disputar a reeleição em 2012, apoiando Lindolfo Pires que foi derrotado por André por outra margem estreita, mas a briga entre os dois durou mais uma eleição, quando Tyrone volta a política e consegue acabar com o sonho de reeleição de Gadelha em 2016.
Expedito Pereira é um dos maiores símbolos da política de Bayeux. Secretário de Saúde de Santa Rita, de 1986 a 1988. Deixou o cargo para se candidatar a vice-prefeito de Bayeux na chapa encabeçada por Lourival Caetano, eleito para o mandato de 1989 a 1992. Em 1991, assumiu a diretoria do Hospital Edson Ramalho, em João Pessoa. Com a morte de Caetano, assumiu o cargo de prefeito de Bayeux em 92, tendo sido eleito Prefeito pela primeira vez em sua estreia no ano de 1996.
Para quem acreditava em uma reeleição fácil de Expedito, se surpreendeu com a força do grupo Cabral, que por pouco não conseguiu vencer o Prefeito que ficou na frente por menos de 200 votos de diferença (148), Sara acabou se tornando Prefeita entre 2002 e 2004, tendo assumido o posto com a cassação do mandato de Expedito pela Justiça Eleitoral.
O ex-Prefeito foi Vereador em 2004 e mais uma vez Prefeito nas eleições de 2012, enquanto Sara acabou sendo derrotada pelo jornalista Jota Júnior em 2004, sendo sua vice em 2008, quando Jota derrotou Expedito por um pouco mais de seis mil votos,
Ivânio Ramalho era um médico renomado nos hospitais públicos de Patos que não tinha experiência na política até ser convidado a se filiar ao MDB, pelo então Deputado Federal Edivaldo Motta, marido da atual Deputada Estadual Francisca Motta e avô do Deputado Federal Hugo Motta. Em sua primeira eleição em 1990, Ivânio foi eleito Deputado Estadual ao atingir 9.961 votos.
Com o apoio de Edivaldo e do Governador Ronaldo Cunha Lima, Ivânio surpreendeu, vencendo por uma estreita margem de 1.815 votos, tirando do poder um grupo que já comandava a cidade por quase uma década.
Dinaldo foi eleito Prefeito em 1996 derrotando Francisca Motta que era vice de Ivânio, se reelegendo em 2000 vencendo o genro de Francisca e pai de Hugo, Nabor Wanderley. Ivânio ainda tentou ser Deputado Estadual em 1998 e 2002, se tornando Vice-Prefeito na chapa de Nabor que ficou no poder entre 2005 e 2013.
As famílias Toscano e Paulino dominam a política de Guarabira desde 1976, mas um nome atrapalhou essas oligarquias em 1992.
Tentou se reeleger em 1974 e 1978 sem sucesso. Nas eleições de 1982 se candidatou a Prefeito pela primeira vez, sendo derrotado por apenas 181 votos contra Zenóbio Toscano. Eleito Deputado Estadual em 1986, Jader tentou mais uma vez a prefeitura em 1988, perdendo por uma distância de quase 2 mil votos para o ex-Prefeito Roberto Paulino.
Léa Toscano foi primeira-dama da cidade entre 1983 e 1988 e era uma estreante na política quando foi se candidatar às eleições de 1992. Na eleição mais disputada da nossa lista, Jader venceu Toscano por apenas 95 votos, conseguindo quebrar a hegemonia das famílias, que ficariam no poder até a morte de Zenóbio em 2020, ocasionando na entrada do vice Marcus Diogo que se reelegeu nas eleições de outubro daquele ano.
Epitácio Leite Rolim é um dos principais nomes históricos da política no sertão do estado, Epitácio foi Deputado Estadual, Prefeito de Cachoeira dos Índios e gestor de Cajazeiras por três mandatos.
Na eleição de 1988, Zerinho foi eleito Vice-Prefeito na chapa encabeçada pelo médico Antonio Vituriano de Abreu, que derrotou as forças tradicionais de Cajazeiras, tendo a frente Chico Rolim e Epitácio Leite Rolim.
Após a derrota do grupo em 1988, Epitácio decidiu se candidatar mais uma vez em 1992, após ter ficado no poder entre 1983 e 1988, e essa disputa seria contra Zerinho que estreava como cabeça de chapa. Em uma eleição disputada voto a voto, Zerinho aplicou a segunda derrota seguida a Epitácio, com apenas 114 votos de diferença.