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LULA X BOLSONARO: Quais as capitais que terão eleições municipais polarizadas em 2024

Nas capitais do país, as eleições municipais vão “escancarar” a polarização política em que vive o Brasil após a corrida presidencial de 2022. Em muitas cidades, os candidatos terão forte influência e serão apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para o PT, o pleito serve para se recuperar do baixo desempenho de 2020, quando não conseguiu eleger prefeitos em nenhuma capital brasileira. Além disso, o partido lulista apenas conseguiu chegar ao número de 183 prefeituras em todo o país, o menor número em 16 anos.

Neste ano, o partido pretende focar, principalmente, nas regiões do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde Bolsonaro teve maioria de votos. Mas sem deixar, é claro, o Norte e o Nordeste esquecidos.

Na maioria das capitais, o PT vai atuar da maneira mais estratégica possível, seja se alinhando ao Centrão ou ao menos construindo frentes amplas como na capital paulista e Rio de Janeiro, onde apoiará, respectivamente, Guilherme Boulos (PSOL-SP) e Eduardo Paes (PSD).

Além da disputa entre Bolsarismo e Lulopetismo, as eleições municipais serão muito importantes, já que podem definir o comportamento do Congresso até o fim da gestão do Governo Lula. Inclusive, deve influenciar diretamente na eleição para Presidente da Câmara em 2025.

Dessa forma, em meio a esse cenário polarizado da política brasileira, confira como anda a disputa em nove capitais brasileiras que terão candidatos de Lula e Bolsonaro no pleito municipal.

1. João Pessoa

Em João Pessoa, Bolsonaro e Lula estão tendo destaques nas principais articulações das pré-candidaturas. Do lado do PL, a aposta é o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga. Ele entrou no partido na metade do ano passado (2023), e em setembro se tornou presidente da legenda na capital. Ao seu lado, como vice de sua chapa, ele terá o pastor Sérgio Queiroz, senador mais votado em João Pessoa nas Eleições de 2022. A oficialização da chapa acontecerá em visita de Bolsonaro na Paraíba, prevista para os dias 12 e 13 de abril.

O PT, por sua vez, também busca lançar candidatura própria na capital. O nome, porém, ainda não está definido. O partido enfrenta brigas internas, com uma ala apoiando o ex-prefeito Luciano Cartaxo e a outra a deputada estadual Cida Ramos.

Recentemente, a Executiva Nacional cancelou as prévias para definição do candidato. A escolha do nome deve sair até o fim deste mês de abril. Uma das possibilidades, no entanto, é o provável apoio ao atual prefeito, Cícero Lucena (PP), que concorrerá à reeleição. Membros de renome do partido, entre eles o presidente estadual da legenda, Jackson Macêdo, defendem essa alternativa. A justificativa gira em torno da ascensão da extrema direta na capital.

Outro fator para o possível apoio do PT a Cícero, é a aliança do gestor com vários partidos de relevância no Estado, entre eles o Republicanos e o PSB, do governador João Azevêdo, importante aliado de Lula.

2. São Paulo

Na cidade de São Paulo, o PL formalizou seu apoio ao atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). O presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, disse que Bolsonaro deverá indicar o vice da chapa. O anúncio está previsto para este mês de abril. A decisão exclui o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), que era um dos nomes mais cotados para chapa.

O ex-ministro do Meio Ambiente chegou a dizer que sairia do PL para lançar sua candidatura, mas desistiu da ideia e afirmou que vai respeitar a decisão do ex-presidente.

Antes do posicionamento do PL em favor de sua candidatura, Ricardo Nunes chegou a alegar que o apoio do ex-presidente era “fundamental” no combate a “extrema-esquerda”, representada por Guilherme Boulos (PSOL-SP). Isso aparentou convencer Bolsonaro, que, pouco tempo atrás, chegou a ser referir a Salles como futuro “prefeito” da capital paulista.

Apesar disso, dentro do PL, existe a insatisfação de filiados que gostariam de ver uma “candidatura de direita” e ainda aguardam uma declaração do próprio Bolsonaro, ao invés de Costa Neto.

O PT, assim como o partido bolsonarista, não possui um candidato próprio nas eleições de São Paulo – a primeira vez que isso ocorre desde a criação do partido.

Ainda na campanha presidencial de 2022, Lula já tinha formalizado seu apoio a Boulos. Marta Suplicy, que desistiu de sua candidatura, foi anunciada como vice do psolista, após articulação do próprio Lula.

Com esse cenário, a polarização se dará entre Nunes e Boulos. Mas há outros candidatos na disputa também: os deputados federais Tabata Amaral (PSB) e Kim Kataguiri (União) e a ex-secretária de desestatização do Ministério da Economia no governo Bolsonaro, Marina Helena (Novo).

3. Rio de Janeiro

Na cidade maravilhosa, o cenário não está tão agitado como as outras capitais – ao menos por enquanto, mas Lula e Bolsonaro estarão presentes nos palanques.

Do lado petista, apesar da candidatura de Marcelo Freixo – que ainda não vingou, a tendência é que o atual presidente concentre suas atenções para Eduardo Paes, do PSD – partido que estará no palanque de Ricardo Nunes, em São Paulo.

Paes esteve ao lado de Lula em 2022, apesar de por vezes fazer declarações que acenam à direita, no que diz respeito aos problemas de segurança pública do Rio de Janeiro.

Por outro lado, Bolsonaro e PL vão estar juntos do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que também contará com o apoio do governador Cláudio Castro (PL). Em 2022, o ex-presidente venceu na capital fluminense, com 52,6% dos votos no segundo turno contra Lula. Isso pode ser um fator decisivo para Ramagem largar na frente da disputa.

Outros nomes da esquerda que podem aparecer é o da deputada estadual Martha Rocha (PDT); a deputada estadual Dani Balbi (PCdoB); e Tarcísio Motta, um dos fundadores do PSOL carioca.

No espectro da direita e centro-direita, o deputado federal Otoni de Paula, do MDB, e o vereador Pedro Duarte, do Novo, também são pré-candidatos.

4. Belo Horizonte

A capital de Minas Gerais deverá ter uma eleição bastante disputada como de costume. O deputado estadual pelo PL Bruno Engler é o pré-candidato apoiado por Jair Bolsonaro. Esta é a segunda vez que ele concorre à prefeitura de Belo Horizonte, tendo ficado em segundo lugar em 2020, quando perdeu para Alexandre Kalil, que deixou o cargo em 2022 para concorrer ao governo do Estado.

O senador Carlos Viana (Podemos), que concorreu ao governo de Estado em 2022 e já foi aliado de Bolsonaro no PL, segue com o nome forte para vencer o pleito.

Por sua vez, Lula deve apostar na candidatura do deputado federal Rogério Correia (PT). Ainda existe a possibilidade de PT e PDT, que quer lançar a deputada federal Duda Salabert, entrarem em acordo para lançar uma frente ampla na cidade.

Além deles, o vice de Kalil e atual prefeito, Fuad Noman (PSD), deve tentar a reeleição, mas sem grandes chances de vitórias, segundo pesquisas recentes. O pleito ainda pode contar com Eduardo Costa (Cidadania) e Mauro Tramonte (Republicanos).

5. Porto Alegre

Na capital dos Pampas, Bolsonaro estará na campanha de reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB). O vice é Ricardo Gomes, do Partido Liberal. Melo conta com partidos de centro e de direita, como Progressistas, PL e o antigo PTB, que virou PRD após fusão com o Patriota.

Na esquerda, por sua vez, o nome que aparece é o da deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). O PT lançou sua pré-candidatura no fim de novembro. “Agora é hora da construção de unidade das forças democráticas e populares, de articulação de uma frente fortalecida contra o retrocesso e o descaso com o povo”, escreveu Rosário no X (antigo Twitter), ao formalizar seu nome na majoritária.

O PSOL, que integra federação com o PT, aposta suas fichas na deputada estadual Luciana Genro, anunciada em dezembro. Contudo, existe a possibilidade de uma chapa única entre as duas. A tese ganhou força em janeiro deste ano e vem sendo especulada desde então.

A ex-deputada Manuela d’Avila (PCdoB), grande aliada de Lula, não deverá concorrer desta vez. Em uma publicação no X, ela disse que “é preciso construir unidade no campo progressista” e que estará “nas ruas, fazendo campanha para a candidatura que representar o campo democrático e popular”. Atualmente, ela está afastada da política e mora nos Estados Unidos com a família.

Com esse cenário, a disputa ficará polarizada entre Melo e o nome escolhido pela esquerda, provavelmente Maria do Rosário.

6. Belém

A capital paraense faz parte das cidades em que a disputa entre Lula e Bolsonaro foi bastante apertada, com 50,2% dos votos para o atual presidente.

O deputado federal Eder Mauro, do PL, vai contar com Bolsonaro em seu palanque. Foi ele uma das pessoas que receberam o ex-presidente e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, em Belém, em outubro do ano passado, quando a cidade sediou um evento do PL Mulher com a participação do casal.

Outro nome bolsonarista na cidade para disputar a prefeitura é o Delegado Eguchi, que foi suspenso de sua função pelo Ministro da Justiça, Flávio Dino, por 45 dias, em fevereiro do ano passado. Ele já foi candidato em 2020, mas perdeu para o atual prefeito, Edmilson Rodrigues (PSOL).

Rodrigues, por sua vez, deverá ser o nome que Lula escolherá para rivalizar com a direita paraense. Sua avaliação popular, porém, é negativa, o que deverá ser explorado pelo adversário do PL.

Apesar disso, a capital é onde o governo Lula teve a quinta maior aprovação em todo o país, 58,7%, contra 37,8% de desaprovação, segundo o Paraná Pesquisas.

Outros nomes especulados para a mjaoritária são os dos deputados estaduais Zeca Pirão (MDB) e Thiago Araújo (Cidadania) e a deputada federal Alessandra Haber (MDB).

7. Vitória

Vitória, no Espírito Santo, é outra capital onde as eleições serão extremamente polarizadas entre Lula e Bolsonaro. O Partido Liberal vai apoiar deputado estadual Capitão Assumção, que no ano passado esteve na mira da Polícia Federal, acusado de organizar bloqueios em rodovias e protestos em frente a quartéis das Forças Armadas.

Inclusive, Assumção propôs, ao lado do colega de bancada Danilo Bahiense (PL), que Bolsonaro recebesse a Ordem do Mérito Domingos Martins – a mais alta honraria concedida pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo, e o título de cidadão capixaba. O evento foi realizado no mês de novembro de 2022. Assumção já concorreu à prefeitura de Vitória em 2020, mas não teve êxito, amargando um modesto quarto lugar.

O Partido dos Trabalhadores avalia a candidatura do deputado estadual João Coser. Ele já foi prefeito na cidade, entre 2005 e 2012, mas não conseguiu se eleger novamente em 2020, quando tentou um terceiro mandato. Para fortalecer sua chapa, ele tenta unir a esquerda em torno de sua candidatura. O PSOL, aliado petista, já lançou a pré-candidatura da deputada estadual Camila Valadão.

Os dois grupos, bolsonaristas e lulistas, terão que enfrentar o favorito nessa disputa: o atual prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos). Candidato natural à reeleição.

8. Goiânia

No pleito municipal de Goiânia, o PT  se adiantou e confirmou a candidatura da petista Adriana Accorsi, deputada federal, que conta com a aliança do PSB e PCdoB, partidos de esquerda. Segundo o site do PT, ela é vice-líder do bloco do governo na Câmara e uma das principais articuladoras do Estado de Goiás com a  gestão do governo federal.

Do lado bolsonarista, a aposta é no deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO). O apoio do ex-presidente é primordial para camapanha de Gayer, já que ele obteve 63% dos votos na capital de Goiás nas Eleições de 2022.

Além disso, a capital goiana já chegou a bater o segundo maior índice de desaprovação do governo Lula, 56,5%. A marca só fica atrás de Porto Velho (RO), quando 60,6% da população desaprovou a gestão do governo petista. Os dados foram divulgados pelo Paraná Pesquisas.

Além dos citados, outros nomes fortes que estão cotados são: Rogério Cruz, atual líder do executivo municipal pelo Republicanos – que conta com o apoio do governador do Estado, Ronaldo Caiado; Bruno Peixoto (União), presidente da Assembleia Legislativa de Goiás; Jânio Darrot (MDB), ex-prefeito de Trindade; o empresário Leonardo Rizzo (Novo) e Vanderlan Cardoso, senador pelo PSD.

9. Cuiabá

Na cidade de Cuiabá, o deputado federal Abílio Brunini será o nome de confiança do PL, enquanto o PT deposita suas fichas no deputado estadual Lúdio Cabral, que já concorreu à prefeitura e ao governo do estado.

No espectro de centro, aparece o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (União Brasil). O União Brasil também tem como opção o deputado federal Fábio Garcia.

O atual vice-prefeito, José Roberto Stopa (PV) deve concorrer, tendo em vista que o prefeito Emanuel Pinheiro está em seu segundo mandato e não pode mais se reeleger. Outra possibilidade é o atual gestor apoiar a candidatura de Lúdio Cabral, ao lado do presidente Lula.

*Redação com informações da Gazeta do Povo