Pesquisa nacional revela onde o hábito da leitura resiste no Brasil, apesar das desigualdades e dos desafios de acesso aos livros
Em um país onde celulares e telas dominam o tempo livre, ainda há quem pare para ler. A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil mostra onde estão esses leitores. O levantamento, realizado de abril a julho de 2024 pelo Instituto Pró-Livro em parceria com a Fundação Itaú e o IPEC, entrevistou 5.504 pessoas em 208 cidades. Foi considerado leitor quem leu pelo menos um livro, impresso ou digital, inteiro ou em partes, nos três meses anteriores.
Capitais na liderança
João Pessoa lidera o ranking: 64% disseram ter lido recentemente. Curitiba (63%) e Manaus (62%) ocupam o topo, mostrando que o hábito não é exclusividade dos grandes centros editoriais. Nessas cidades, escolas engajadas, bibliotecas de bairro e ações comunitárias mantêm viva a circulação de livros.
Norte e Nordeste em destaque
Belém aparece com 61%, impulsionada por feiras literárias e tradição oral. Teresina (59%) e São Luís (59%) reforçam o papel do Nordeste, com redes escolares fortes, bibliotecas comunitárias e saraus. Aracaju (58%) investe em leitura mediada e clubes locais. Salvador (57%) combina literatura afro-brasileira, poesia falada e bibliotecas vivas.
No Sul, Florianópolis registra 56%, apoiada por escolas e centros culturais. Porto Alegre tem 54% e mantém sua reputação literária. São Paulo aparece com 60%, reflexo de sua estrutura de bibliotecas, editoras e livrarias, mas ainda marcada por desigualdades de acesso. Rio de Janeiro (53%) e Brasília (52%) têm índices medianos, mas com diferenças entre regiões.
Campo Grande (49%), Cuiabá (48%), Belo Horizonte (48%) e Natal (47%) ficam abaixo da média. Fortaleza (46%), Recife (46%) e Maceió (45%) enfrentam falta de políticas permanentes. Palmas (44%) e Vitória (43%) ainda buscam consolidar uma cultura leitora fora das escolas. Boa Vista (42%) mostra esforço escolar, mas falta acesso fora da sala de aula. Porto Velho, Macapá e Rio Branco empatam com 41%, reflexo de desafios estruturais e distâncias. Na lanterna, Goiânia registra 40%, indicando que há muito a avançar para ampliar o espaço do livro na rotina urbana.