O temor sobre a possível prisão de Jair Bolsonaro (PL) já assombra os círculos mais próximos do ex-mandatário, que avaliam que ele poderá ser preso antes do Natal pela suposta tentativa de um golpe de Estado. Com o julgamento marcado para ter início ainda neste mês, os bolsonaristas criticaram a celeridade da tramitação do caso no Supremo Tribunal Federal (STF) e dizem que a sentença já está definida.
“Todos já conhecem a sentença antes do início do julgamento”, afirmou um de seus aliados mais próximos à coluna do jornalista Josias de Souza, do UOL. “No futuro, o açodamento do Supremo será usado como argumento para pedidos de anulação. Hoje, essa pressa vai intensificar a pressão para que Bolsonaro libere — ou até lidere — a articulação para definir um outro candidato para representar o campo da direita em 2026”, completou.
Na manhã de quinta-feira (13), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, enviou ao Supremo um parecer rebatendo as alegações da defesa do ex-mandatário e de outros sete acusados. Pouco depois, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, liberou a denúncia para análise da Primeira Turma do STF. Antes do fim da tarde, o presidente do colegiado, Cristiano Zanin, agendou o julgamento para 25 de março.
“Parece que o devido processo legal, por aqui, funciona na velocidade da luz”, ironizou Bolsonaro em suas redes sociais. Inelegível até 2030, o ex-presidente insinua que seu afastamento da disputa de 2026 é o verdadeiro objetivo do STF.
O histórico da Primeira Turma do Supremo reforça o pessimismo dos bolsonaristas. Em média, o tempo entre o recebimento das denúncias relacionadas ao 8 de janeiro e as condenações têm sido de quatro meses. Para o julgamento de Bolsonaro e seus aliados mais próximos, Zanin reservou três sessões: uma na manhã do dia 25 de março, outra à tarde e a última na manhã do dia 26.
Ainda de acordo com a reportagem, se o cronograma for mantido, até o fim do mês estarão no banco dos réus Bolsonaro; os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto; o almirante Almir Garnier Santos; o delator Mauro Cid; o deputado Alexandre Ramagem e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Até agora, a Primeira Turma – composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux – tem validado, por unanimidade, as decisões do relator sobre os envolvidos na trama golpista, o que reduz significativamente as chances de sucesso dos advogados nas tentativas de recorrer contra uma eventual condenação.