Convocado para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o suplente de deputado federal Leonardo Gadelha afirmou, nesta quarta-feira (27), que não há registros de fraudes durante o período em que presidiu o órgão, ainda no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB).
Em entrevista ao programa CBN João Pessoa, da Rádio CBN Paraíba, Gadelha defendeu sua gestão e ressaltou que, na época, nenhum órgão de controle identificou problemas nos processos sob sua responsabilidade.
“Nunca houve nenhum indicativo de descontos indevidos enquanto estive na presidência do INSS. Em nenhum momento, nem a Controladoria-Geral da União, nem a auditoria interna, nem o Tribunal de Contas da União apontaram para essa possibilidade”, disse. “O que não quer dizer que, eventualmente, algo não tenha ocorrido de forma isolada.”
Ele também destacou que o aplicativo “Meu INSS”, criado durante sua gestão, foi desenvolvido justamente para dar mais transparência aos beneficiários da Previdência Social, permitindo que cada um acompanhasse os descontos em sua folha de pagamento.
Segundo Gadelha, a falta de divulgação ampla da ferramenta pode ter contribuído para o aumento das fraudes nos últimos anos. “Faltou comunicação efetiva. Se houvesse uma divulgação mais clara e massiva do aplicativo, esse tipo de problema teria ocorrido em proporção muito menor”, avaliou. “É uma falha do processo como um todo, não apenas técnica, mas de comunicação com a sociedade.”
Sobre sua convocação pela CPMI, o ex-presidente do INSS disse encarar o chamado com tranquilidade e garantiu disposição para colaborar com as investigações, mas alertou para o risco de politização dos trabalhos.
“Espero que a polarização política não contamine a comissão. O tema exige seriedade e responsabilidade, pois envolve diretamente milhões de brasileiros que dependem da Previdência”, ponderou.
A CPMI do INSS teve seus primeiros requerimentos aprovados nesta semana e, além de Gadelha, também convocou outros ex-presidentes do órgão. O objetivo da comissão é apurar a extensão das fraudes em descontos indevidos nos benefícios previdenciários e identificar possíveis responsáveis por omissões ou falhas estruturais no sistema.