As recentes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos), atual presidente da Câmara dos Deputados, ganharam forte repercussão nacional e escancararam uma crise institucional entre os dois Poderes. O episódio também foi destaque na imprensa paraibana, especialmente na coluna Aparte, do jornalista Arimatéa Souza.
Durante o programa da GloboNews, a jornalista Natuza Nery afirmou que Lula está “decepcionado” com a atuação de Motta à frente da Câmara. Já o comentarista Nilson Klava foi ainda mais direto: “Em reunião recente com ministros, Lula disse: ‘É a terceira vez que esse rapaz descumpre um acordo que fez comigo’”.
O estopim para a tensão foi a votação que derrubou o decreto presidencial que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Lula declarou em entrevista à TV Bahia que havia um acordo firmado com a equipe de Hugo Motta na noite anterior à votação, prevendo que o tema seria discutido com o Ministério da Fazenda antes de ser levado ao plenário. No entanto, a proposta foi colocada em votação em regime de urgência na terça-feira, sem aviso prévio ao Planalto.
“O erro foi o descumprimento de um acordo. O presidente da Câmara tomou uma decisão que eu considerei absurda”, disse Lula.
A derrota do governo foi expressiva: 383 votos favoráveis à sustação do decreto, incluindo 243 deputados da própria base governista. O episódio expôs fragilidades na articulação política do governo e abriu uma fissura no relacionamento entre Lula e o comando da Câmara.
Apesar de negar qualquer descumprimento de acordos, Hugo Motta passou a ser rotulado como “descumpridor”, reforçando uma imagem negativa que ganha força nos bastidores e na mídia nacional. A repercussão amplia as incertezas sobre o futuro da interlocução entre Executivo e Legislativo, especialmente no momento em que o governo tenta consolidar apoio para aprovar projetos importantes no Congresso.
O desgaste entre os dois líderes poderá influenciar diretamente nas relações políticas futuras, especialmente com a proximidade das eleições de 2026 e as disputas por espaço no cenário nacional e na Paraíba.