No Brasil, a violência sexual contra mulheres atingiu proporções alarmantes, revela o relatório “Violência contra meninas e mulheres no 1º semestre de 2023”, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A cada oito minutos, uma mulher é estuprada no país, sendo que 74,5% dessas vítimas são consideradas vulneráveis por serem menores de 14 anos ou possuírem enfermidade, deficiência mental ou outras condições que impossibilitam o consentimento.
Os dados são ainda mais perturbadores quando se considera que essas estatísticas representam apenas os casos registrados oficialmente. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apenas 8,5% dos estupros que ocorrem no Brasil são reportados à polícia, o que sugere uma alta subnotificação desses crimes.
No primeiro semestre deste ano, foram registrados 34 mil casos de estupro de meninas e mulheres, um aumento de 14,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, estimativas indicam que esse número pode chegar próximo a 425 mil casos, considerando a subnotificação.
O crescimento da violência sexual afeta todas as regiões do país. O Sul registrou a maior variação, com um aumento de 32,4%, seguido pelo Norte (25%) e Nordeste (13,2%). O Sudeste apresentou a menor taxa de crescimento, com 4,8%.
O perfil das principais vítimas de estupro revela uma realidade angustiante. A maioria das vítimas são meninas de 0 a 13 anos (61%), sendo que metade delas são negras (56%). Além disso, a casa é o local mais comum onde ocorrem os abusos, representando 68% dos casos.
Quanto aos agressores, em 86% dos crimes envolvendo crianças de 0 a 13 anos, os responsáveis são conhecidos e familiares, como avôs, padrastos e tios. Já entre as vítimas com mais de 14 anos, 77,2% dos agressores são pessoas conhecidas e 24,3% foram estupradas por parceiros ou ex-parceiros íntimos.
Além do estupro, o feminicídio também está em ascensão no Brasil. No primeiro semestre deste ano, 722 mulheres foram assassinadas, representando um aumento de 2,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Com esses dados alarmantes, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, expressou sua indignação e destacou que essas estatísticas representam vidas interrompidas pela misoginia presente em nosso país.