Um levantamento realizado pelo Blog do Gutemberg Cardoso apontou que a Paraíba possui cinco cidades em que os prefeitos e vereadores fazem parte de um único partido político. Conforme dados do Tribunal do Superior Eleitoral (TSE), as cinco cidades ficam no interior do estado. Duas delas são controladas pelo MDB e duas pelo União Brasil.
O controle dos poderes Executivo e Legislativo por um único partido, segundo especialistas, compromete um dos principais trabalhos dos vereadores, que é o de fiscalizar prefeitos. Mesmo que o gestor municipal cometa alguma irregularidade, é pouco provável, nos casos identificados, que os parlamentares da Câmara Municipal deem prosseguimento a um pedido de impeachment, por exemplo.
Na Paraíba, o controle do Legislativo por um único partido foi registrado em cidades pequenas, com no máximo 5 mil moradores.
Uma delas é Bom Sucesso que tem pouco mais de 4,5 mil habitantes. O município é comandado pelo prefeito Pedrinho Caetano, do União Brasil. Ele foi eleito com 84,4% dos votos em 2020. Na Câmara Municipal, todos os nove vereadores são também do União Brasil. Em 2016, a cidade tinha sete partidos com representantes no legislativo. Entre os municípios paraibanos foi o que mais teve mudança nas eleições.
Já em Monte Horebe, os noves vereadores da Câmara fazem parte do MDB. A cidade é governada pelo prefeito Marcos Eron, também do MDB. Ele obteve 80,54% dos votos nas últimas eleições.
Por sua vez, na cidade de Ouro Velho, o número de partidos com representantes no legislativo caiu de quatro, em 2016, para um. Os noves parlamentares são do União Brasil, assim como o prefeito Augusto Valadares que foi eleito com 84,41% dos votos válidos.
Porém, o caso mais emblemático no estado é o da cidade de São José do Sabugi. Lá, o prefeito Segundo Domiciano (União Brasil) foi reeleito com 100% dos votos válidos, uma vez que era o único candidato à prefeito no pleito de 2020. Em 2016, a cidade tinha três partidos com representantes na Câmara. Atualmente, os nove vereadores da cidade são do União Brasil.
Por outro lado, na cidade de Vista Serrana, os prefeitos e vereadores não fazem parte do mesmo partido. Mas nem sempre foi assim. Em 2020, Sérgio de Levi foi eleito pelo MDB, com 63,19% dos votos. Ao lado dele, a Câmara Municipal passou a não ter oposição, com todos os parlamentares integrando o MDB.
Todavia, isso mudou após Levi se filiar ao PSB, em abril de 2023. Com o novo partido, o gestor deve atrair alguns vereadores, causando mudanças na Câmara Municipal da cidade.
Mas por que isso acontece?
A prevalência de um único único partido nessas cidades faz parte da reforma política que excluiu a possibilidade de coligações para eleições de cargos proporcionais, exigindo que as legendas concorressem sozinhas nas eleições. Consequentemente, muitos partidos pequenos não tiveram força suficiente para conquistar votos e eleger vereadores.
Além disso, muitos afirmam que as coligações partidárias são um problema, pois beneficiam pequenos partidos que, em tese, só existem para pleitear cargos em campanhas e gestões de partidos maiores, além de desigualarem o tempo de TV, haja vista que o tempo da campanha é distribuído para cada candidato pelo número de partidos existentes em sua coligação.
Ainda assim, como podemos ver, foram poucas as cidades que uma única sigla predominou nas últimas eleições. Sinal de que é um efeito residual, e não ocorre em grandes cidades.