Defesas atacam delação de Mauro Cid e alegam afastamento de Heleno de Bolsonaro no segundo dia de julgamento da trama golpista no STF: Veja o que aconteceu até agora

Sessão teve início sem a presença de réus, público esvaziado e foco nas defesas de Augusto Heleno e Walter Braga Netto

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (3) o julgamento da ação penal sobre a suposta trama golpista que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados. O segundo dia de sessão começou com a sala da Primeira Turma esvaziada, sem a presença de réus e de parlamentares, em contraste com o primeiro dia.

Sala esvaziada e ausência de réus

O general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, único réu que havia comparecido no primeiro dia, não esteve presente nesta quarta-feira. A movimentação foi considerada menor, restrita a jornalistas e advogados de defesa, entre eles representantes de Bolsonaro, Mauro Cid e Alexandre Ramagem.

Defesa de Augusto Heleno tenta afastá-lo de Bolsonaro

A defesa do general Augusto Heleno concentrou parte dos trabalhos da manhã. O advogado Matheus Milanez argumentou que Heleno se afastou de Bolsonaro após a aproximação do governo com o Centrão, o que teria reduzido sua influência no dia a dia do presidente.

Milanez pretende exibir 105 slides com trechos da agenda do general, sustentando que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) teria apresentado anotações de forma descontextualizada. Durante a investigação, a Polícia Federal encontrou registros que, segundo a acusação, apontariam para o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em estratégias de desinformação sobre as urnas eletrônicas.

Críticas a Alexandre de Moraes e às provas apresentadas

Outro advogado de Heleno, Matheus Mayer, questionou a atuação do relator, ministro Alexandre de Moraes, afirmando que ele teria adotado postura mais ativa que a própria PGR. “Qual o papel do juiz? Julgador ou inquisidor? O juiz imparcial é um juiz afastado da causa”, disse Mayer.

A defesa também contestou a forma como os documentos da Polícia Federal foram disponibilizados, alegando excesso de arquivos sem organização. Milanez citou como exemplo um documento identificado apenas pelo código “6EQ01AA752024”, para criticar a dificuldade de acesso às provas.

Defesa de Braga Netto ataca delação de Mauro Cid

A defesa do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022, também apresentou argumentos. O advogado José Luiz Oliveira classificou o acordo de colaboração premiada de Mauro Cid como “viciado, mentiroso e desprovido de provas”. Segundo ele, não há elementos concretos contra o ex-ministro.

A estratégia é descredibilizar a delação de Cid, que apontou Braga Netto como parte central da suposta trama golpista. Oliveira afirmou que pretende rebater todos os pontos levantados pela acusação e demonstrar inconsistências nas declarações do delator.

Representação da PGR no segundo dia

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, não participou da sessão desta quarta-feira. A acusação foi representada pelo subprocurador Paulo Vasconcelos Jacobina.

Próximos passos

O julgamento da trama golpista no STF seguirá com a manifestação das defesas dos demais acusados. Após essa etapa, os ministros da Primeira Turma — Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin — iniciarão a votação.

A expectativa é de que as sessões se estendam para os próximos dias, com novos debates sobre as acusações e delações que envolvem Bolsonaro e aliados.