Eduardo ainda confirmou que trabalha para aumentar sanções contra o Brasil, na guerra comercial desencadeada por Donald Trump que, segundo ele vai responder à “dobrada de aposta do Alexandre de Moraes”.
Buscando ocupar todos os espaços para impor sua narrativa conspiracionista contra o Brasil, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) deu uma longa entrevista à Bela Megale, do jornal O Globo, em que ameaça diretamente os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), caso não pautem a “anistia ampla, geral e irrestrita” e o impeachment de Alexandre de Moraes, e diz que pode viver “décadas em exílio” nos EUA caso não saia “vitorioso” no embate contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Após articular a invasão das mesas diretoras da Câmara e do Senado com parlamentares bolsonaristas, que impediram a realização das sessões plenárias nas duas casas legislativas nesta terça-feira (5), mandou recado em tom de ameaça a Alcolumbre e Motta.
“Uma vez que não é pautado o impeachment do ministro Alexandre de Moraes no Senado, uma vez que o presidente da Câmara não pauta uma anistia, eles estão entrando no radar das autoridades americanas. As pessoas que estão em posição de poder têm responsabilidades e estão sendo observadas pelas autoridades americanas. Todos eles estão no radar”, afirmou o filho “03” de Bolsonaro.
Eduardo ainda confirmou que trabalha para aumentar sanções contra o Brasil, na guerra comercial desencadeada por Donald Trump que, segundo ele vai responder à “dobrada de aposta do Alexandre de Moraes”.
“Estou levando a prisão ao conhecimento das autoridades americanas e a gente espera que haja uma reação. Não é da tradição do governo Trump receber essa dobrada de aposta do Alexandre de Moraes e nada fazer. O que eles vão fazer, eu não sei. Não sei se isso vai passar pela mesa do Trump ou pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Espero que haja uma reação nos próximos momentos”, disse o deputado, que ressaltou que tem tido encontros semanais com as autoridades do governo dos EUA.
Eduardo ainda afirmou que não voltará ao Brasil enquanto não “anular” e “isolar” Alexandre de Moraes e, caso isso não ocorra, pode viver décadas nos EUA, sem revelar qual seria o visto que lhe permite ficar no país em meio à cruzada anti-imigração de Trump.
“Se eu retornar, sei que vou ser preso. Primeiramente, tenho que tirar o Alexandre de Moraes dessa equação, anular ele, isolá-lo. A gente tem que aprovar uma anistia para que alcance todos os perseguidos por Moraes. Os meus planos aqui são: ou tenho 100% de vitória, ou 100% de derrota. Ou saio vitorioso e volto a ter uma atividade política no Brasil, ou vou viver aqui décadas em exílio. É o que eu estou assumindo, estou aceitando esse risco, porque eu acho que vale a pena”, afirmou.
Atacando o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) por, segundo ele, “ainda acredita numa estratégia de diálogo, de colocar panos quentes e ver se consegue extrair alguma benesse disso”, Eduardo lembrou a carta escrita por Michel Temer (MDB) para apaziguar a relação com Moraes após Bolsonaro chamá-lo de “canalha” em ato na avenida Paulista.
“Com relação ao Tarcísio, cada um tire suas conclusões. O Tarcísio ainda acredita numa estratégia de diálogo, de colocar panos quentes e ver se consegue extrair alguma benesse disso. Eu não acredito, porque foi infrutífero no passado. O caso mais notório é aquela cartinha do (Michel) Temer, sugerida pelo ex-presidente depois do 7 de setembro (de 2021) onde, teoricamente, dizem, havia um acordo. Não sei, porque eu não participei. Mas, esse acordo não foi respeitado. O Moraes dobrou a aposta e continuou perseguindo. Por que eu vou sentar com um cara desse? Por isso que eu tenho sido muito ácido na minha crítica ao Moraes, colocando ele na prateleira de um psicopata. Não coloco nessa mesma prateleira os outros ministros do STF. Acredito que existe um caminho onde dá para resgatar a normalidade do Brasil, em que pese haver diversas discordâncias em decisões dos ministros, mas que dá para garantir uma normalidade mínima apenas tirando Moraes do tribunal”.
O deputado afirmou ainda que pretende manter o mandato na Câmara e falou de suas pretensões em se lançar candidato à Presidência em 2026.
“Essa é uma decisão que passa pelo presidente Bolsonaro. Mas, antes, tenho que ter sucesso nessa questão de resgate da normalidade democrática no Brasil e no isolamento do Alexandre de Moraes, na anistia, em todas essas pautas. Porque isso daria tranquilidade para eu voltar ao Brasil sem ser preso. Se, nesse cenário, Jair Bolsonaro quiser me apoiar, eu sairia candidato a presidente da República”.