As eleições municipais de João Pessoa estão agitando os bastidores da política paraibana. Alguns nomes já anunciaram suas respectivas pré-candidaturas, entre eles Cícero Lucena, Marcelo Queiroga, Ruy Carneiro e Nilvan Ferreira. Cida Ramos e Luciano Cartaxo correm por fora, mas um dos dois deve ser o candidato do PT na disputa.
Para fortalecer suas chapas eleitorais, os candidatos precisam de apoio dos partidos que não pretendem lançar pré-candidatura na eleição, ou que não tenham êxito no primeiro turno da disputa.
Através de encontros, as lideranças partidárias se reúnem e aprovam ou rejeitam a composição de coligações. Além disso, podem escolher a neutralidade entre os nomes que restaram.
Atualmente, sete legendas englobam os diretórios municipais de menor expressão em João Pessoa: PV, PCdoB, PSTU, Unidade Popular, Rede Sustentabilidade, Agir e PCO.
Geralmente, essas alianças entre partidos costumam fazer parte da estratégia interna para garantir palanques, visibilidade para membros da legenda e espaços na gestão do candidato vencedor.
Entre os partidos citados, o PV foi o primeiro a sair na frente. Em março de 2023, a agremiação declarou apoio ao projeto de reeleição de Cícero Lucena.
O PV já apoia Cícero na Câmara Municipal, através dos vereadores Bosquinho, Emano Santos e Milanez Neto, que são da base aliada. O presidente estadual do PV, Sargento Dênis, disse que “100% do PV está engajado com Cícero”.
Inclusive, o partido está federado com o PT e PCdoB. Ou seja: rumarão juntos nas Eleições 2024. Dessa forma, a adesão do PV a Cícero tem ares de protocolo de intenções, já que as decisões sobre com quem a federação irá se coligar ou apoiar no próximo pleito devem ser tomadas em conjunto.
O PCdoB, por sua vez, já declarou oficialmente o seu apoio a Cícero. A presidente do diretório municipal, Gregória Benário, justificou o apoio de sua sigla à reeleição de Lucena nas eleições de 2024. Segundo ela, o principal objetivo desse apoio é evitar que “bolsonaristas” e “oportunistas” assumam o poder na capital paraibana e destruam todo o trabalho realizado pelo prefeito em parceria com o governador João Azevêdo.
O dilema da federação fica com o PT que, mais uma vez, está dividido internamente. Uma ala do partido defende candidatura própria. Nesse grupo estão lideranças importantes como o deputado Luciano Cartaxo (ex-prefeito) e Cida Ramos.
Outra ala, comandada pelo presidente estadual do PT, Jackson Macedo, prefere deixar em aberto, inclusive com possibilidade apoio a Cícero, se ele estiver com o governador João Azevêdo (PSB). Por conta dessa indecisão, a legenda ainda não ganhou formalmente o apoio de outro partido na capital.
O AGIR 36 é outro que oficializou aliança com o prefeito de João Pessoa. No ato de apoio ao gestor, o presidente, Flávio Moreira, destacou os esforços do partido desde a sua criação. “O AGIR seguirá apresentando quadros para o Legislativo e para o Executivo por todo o Estado. Podemos ser um pequeno partido, mas jamais seremos um partido pequeno, porque somos do tamanho do nosso sonho, o grande sonho de uma sociedade justa e perfeita”, afirmou. A legenda ainda possui menor expressão em nível estadual, e busca se articular para ganhar mais espaço em 2026.
Por sua vez, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), ainda não revelou suas intenções para o pleito municipal. Em 2020, a legenda apostou suas fichas na professora Rama Dantas. Ela ficou em 13º na corrida eleitoral, com 345 votos, o que aponta 0,09% dos votos válidos, conforme a Justiça Eleitoral.
No segundo turno, ela emitiu uma nota para a imprensa, assinada pela diretoria do partido, na qual incentivava o voto nulo. Assim sendo, a tendência é que nesta eleição, a postura seja mantida, repetindo as mesmas ações.
Já o Unidade Popular (UP) também seguiu o mesmo caminho. Nas eleições de 2020, o jornalista Rafael Freire foi o nome escolhido para concorrer à Prefeitura de João Pessoa. Ao término do primeiro turno, ele terminou na 12º colocação com 865 votos, o que representa 0,24% dos votos válidos. No segundo turno, a legenda, que sempre demonstrou independência em suas escolhas, pediu para população protestar votando nulo.
Outro que seguiu o rumo do UP e PSTU foi o PCO. O candidato Camilo Duarte, que disputou a Prefeitura de João Pessoa, declarou que não iria apoiar nenhum dos dois candidatos que foram para o 2º turno. Ele compartilhou com a imprensa uma nota do partido com o resultado da 31ª Conferência Nacional do PCO.
“O Partido da Causa Operária irá desenvolver uma campanha em torno do voto nulo como forma de esclarecer a classe operária que as urnas não irão resolver os problemas”. Camilo ficou em 14º lugar na eleição, com 82 votos, o que representa 0,02% dos votos válidos.
Contudo, o Rede Sustentabilidade foi na contramão de seus aliados de esquerda, em 2020. O candidato Carlos Monteiro, que ficou na 11º colocação, declarou apoio a Cícero Lucena (Progressistas) no 2º turno. Todavia, para este ano, a legenda pretende discutir com o PSOL o lançamento de uma candidatura própria na capital. A informação foi dada pela ex-senadora Heloísa Helena, uma das porta-vozes da REDE.
“A REDE está em federação com o PSOL. Todas essas questões são discutidas com o PSOL. Se a federação decidir que terá candidatura em João Pessoa, vamos aceitar. Se for por apoiarmos outros e isso for consenso, também vamos aceitar. Desde de que seja uma candidatura com o conteúdo do programa se coaduna com o que a REDE defende. Gostaríamos muito que a REDE tivesse vereadores e vereadoras, que é onde você tem uma ferramenta política e está próxima da população”, disse a ex-senadora.