A disputa para o cargo de Governador da Paraíba em 2022, tem tudo para ser uma das corridas mais acirradas dos últimos anos, quatro fortes candidatos tem boas chances nessas eleições, tornando imprevisível quem estará no segundo turno nesse momento.
Nessa matéria iremos elencar as principais batalhas históricas pelo Palácio da Redenção, seus atores políticos, apoios, partidos e quão bonitas e acirradas foram essas eleições que ficaram gravadas na memória dos paraibanos.
1990 – Wilson Braga x Ronaldo Cunha Lima
Primeiro Governador eleito pelo voto popular após a redemocratização em 1982 em uma histórica eleição contra Antônio Mariz, Wilson Braga tentou uma vaga no senado em 1986 pelo PFL (atual União Brasil), ficando em terceiro lugar na disputa, atrás de Raimundo Lira e Humberto Lucena, ambos do MDB.
Eleito Prefeito da capital em 1988, Braga renunciou ao cargo para tentar retornar ao Palácio da Redenção em 1990, já na época filiado ao PDT.
Na primeira disputa com a inclusão do segundo turno, o principal adversário do ex-Governador foi Ronaldo Cunha Lima, cassado pela ditadura em 1969, quando era Prefeito de Campina Grande, Ronaldo ficou por muitos anos trabalhando como advogado no Rio de Janeiro, anistiado em 1982, o ex-Prefeito volta à Rainha da Borborema no mesmo ano e conquista a Prefeitura em uma disputa contra Vital do Rêgo.
A eleição de 1990 tinha cinco candidatos, Juracy Palhano do PDC ( atual Democracia Cristã), Genival França do PT, João Agripino Maia do PDS ( atual Progressistas) e às duas principais chapas Ronaldo Cunha Lima e o seu vice, Cícero Lucena ambos do MDB, contra Wilson Braga do PDT e o seu vice Enivaldo Ribeiro do PFL.
No primeiro turno Wilson Braga que era favorito nas pesquisas, saiu vitorioso com uma vantagem de mais de 36 mil votos, com 43,37% contra 40,22% de Ronaldo.
No segundo turno, Ronaldo Cunha Lima soube costurar bens as alianças políticas e atraiu João Agripino Maia para seu lado, fator preponderante para a sua incrível virada. Ronaldo venceu o segundo turno com 704.375 votos (55,1%), enquanto que, Wilson Braga teve 571.802 votos (44,8%).
1994 – Antônio Mariz x Lúcia Braga
Após a conturbada saída de Ronaldo do governo no final de 1993, o MDB decidiu pela indicação do Senador Antônio Mariz, nas Eleições de 1994.
Um dos políticos mais renomados do estado, o ex-Prefeito de Sousa, foi Deputado Federal por 16 anos, em 1978, Mariz foi preterido por Tarcísio Burity na indicação da Arena para o cargo de Governador.
Descontente com o tratamento do partido, em 1980, logo após a volta do pluripartidarismo, ao lado do senador Tancredo Neves, e de outros líderes de expressão nacional, Mariz participou da fundação do Partido Popular, o PP, que foi incorporado ao MDB em fevereiro de 1982.
No mesmo ano, Mariz disputou o governo da Paraíba, perdendo a eleição para Wilson Braga, do PDS (atual Progressistas), por mais de 150 mil votos.
Eleito Senador em 1990 em uma disputa contra Marcondes Gadelha, também do PDS, Mariz ficou marcado por ser o relato do processo de impeachment de Fernando Collor em 1992
Em mais uma disputa polarizada por MDB x PDT, a então Deputada Federal e esposa do ex-Governador Wilson Braga, Lúcia Braga foi a escolhida da oposição para disputar o Governo do estado. Deputada Federal no segundo mandato, Lúcia Braga era a favorita nas pesquisas antes das eleições.
No ano de 1994 também tivemos 5 candidatos ao pleito, Djacy Lima do PMN, Francisco Evangelista do PPR (que se fundiu ao PDS e que hoje é o Progressistas), Avenzoar Arruda do PT e as duas principais chapas, Lúcia Braga do PDT e o seu vice Evaldo Gonçalves do PFL e Antônio Mariz e José Maranhão do MDB.
No primeiro turno Mariz teve 525.396 votos (46,59%), contra 489.006 votos de Lúcia (43,37%), no segundo turno Mariz confirmou a vitória, ampliando a vantagem, obtendo 781.349 votos (58,30%), Lúcia conquistou 558.947 votos ( 41,70%).
Antônio Mariz tomou posse em 1 de janeiro de 1995, mas faleceu em 16 de setembro do mesmo ano, vitimado por um câncer que infelizmente o acompanhava a alguns anos, no seu lugar entrou o vice José Maranhão.
2002 – Cássio Cunha Lima x Roberto Paulino
Em 1998 José Maranhão ganhou a eleição com mais de 80% dos votos em uma disputa contra Gilvan Freire do PSB. A sua candidatura foi o principal motivo para o racha entre Maranhão e o clã Cunha Lima, que saiu do MDB e migrou para o PSDB.
Em 2002 Maranhão renunciou ao cargo, pleiteando uma das duas vagas do estado ao Senado, o seu vice Roberto Paulino assumiu o Governo e foi escolhido como o candidato do MDB nas eleições.
Prefeito de Guarabira por duas ocasiões, Deputado Estadual e Federal em uma legislatura cada, Paulino era o nome natural para a reeleição após 4 anos como Vice-Governador do estado.
O seu principal adversário era Cássio Cunha Lima, Deputado Federal e Prefeito de Campina Grande em duas ocasiões, Cássio se filiou ao PSDB, após o racha na relação com José Maranhão em 1998 e renunciou a Prefeitura da Rainha da Borborema pra disputar o Governo em 2002.
Na eleição de 2002, os candidatos eram Ana Mangueira do PSB, Maria José Mendes do PGT ( atual PL), Lourdes Sarmento do PCO, Alexandre Arruda do PSTU, Avenzoar Arruda do PT e as duas principais chapas, Roberto Paulino e Gervásio Maia do MDB, e Cássio Cunha Lima e Lauremília Lucena do PSDB.
Cássio era o favorito durante as pesquisas e esse favoritismo se confirmou no primeiro turno, com 752.297 (47,20%) dos votos, o tucano teve uma vantagem considerável contra Paulino, que alcançou 637.239 votos (39,98%).
No segundo turno apoiado pelo PT que estava muito forte com a iminente vitória de Lula contra José Serra e a adição de Wilson Braga que estava apoiando Cássio no primeiro turno e decidiu por apoiar Roberto no segundo, um forte movimento de virada foi sentido por todo o estado, mas no final Cássio se elegeu com uma pequena margem, durante um segundo turno frenético.
O tucano obteve 889.922 votos ( 51,35%), contra 843.127 votos do emedebista (48,65%).
2006 – Cássio Cunha Lima x José Maranhão
Em uma das disputas mais acirradas de todos os tempos, o embate entre José Maranhão e Cássio Cunha Lima ficou para a história.
Após o racha entre José Maranhão e o clã Cunha Lima, que culminou na saída de Cássio e Ronaldo do MDB, essa foi a única disputa direta entre duas das maiores lideranças políticas da Paraíba.
Governador da Paraíba entre 1995 e 2002, José Maranhão se licenciou do senado para disputar mais um pleito estadual, nessas eleições Maranhão teve o apoio do Presidente Lula e do PT durante toda a campanha, com Luciano Cartaxo sendo escolhido como o seu vice na composição da chapa.
Tentando a reeleição Cássio trocou o vice da sua chapa, sai Lauremíla Lucena e entra José Lacerda Neto na época filiado ao PFL ( atual União Brasil).
Os outros candidatos em 2006 eram, Hélio Chaves do PRP ( atual Patriotas), Francisco Carlos do PCB, Marinézio Ferreira do PSDC (atual Democracia Cristã), Lourdes Sarmento do PCO e David Lobão do PSOL.
Durante às pesquisas, os dois candidatos se alternaram no primeiro lugar e isso se refletiu no resultado do primeiro turno, onde Cássio ficou na frente com menos de 1% de vantagem, o tucano conseguiu 943.922 votos (49,67%), contra 926.272 votos (48,74%) de Maranhão.
No segundo turno o Governador conseguiu a vitória alargando a vantagem conquistada no primeiro turno, se tornando o primeiro político paraibano a atingir mais de um milhão de votos em uma eleição, Cássio teve 1.003.102 votos (51,35%) e José Maranhão alcançou 950.269 votos ( 48,65%).
Após a cassação da chapa do Governador pelo TSE em 2009, Maranhão renunciou ao cargo de Senador e tomou posse como Governador no dia 17 de fevereiro de 2009.
2010 – Ricardo Coutinho x José Maranhão
José Maranhão mais uma vez tem o importante do apoio do PT na composição da chapa, nessas eleições ocorre uma troca sai Luciano Cartaxo e entra Rodrigo Soares como o vice da chapa de Maranhão.
Estreante em uma disputa de cargo majoritário estadual, o ex-Vereador de João Pessoa e Deputado Estadual por dois mandatos, Ricardo Coutinho saiu do PT em 2003, se filiando no mesmo ano ao PSB e se tornando Prefeito da capital por duas legislaturas.
Na formação da sua chapa, Ricardo teve o apoio do ex-Governador Cássio Cunha Lima que tinha sido cassado, um ano antes em detrimento a José Maranhão.
Essa forte aliança formada entre Cássio e Ricardo foi uma das principais histórias daquela eleição, com a entrada do PSDB na chapa, Rômulo Gouveia foi indicado como vice de Coutinho.
Os outros candidatos em 2010 eram, Marcelino Rodrigues do PSTU, Francisco Oliveira do PCB, Lourdes Sarmento do PCO e Nelson Júnior do PSOL.
Em um primeiro turno acirradíssimo, Ricardo conseguiu ir contra os prognósticos das pesquisas que indicavam Maranhã na frente, totalizando 942.121 votos ( 49,74%), contra 933.754 votos ( 49,30%).
Os dois palanques esperavam o apoio de Dilma e Lula, mas isso não ocorreu em nenhum momento da campanha, o apoio oficial petista foi para Maranhão, mas uma ala bem significativa do partido era a favor de Ricardo e essa tensão acabou afastando a dupla que ganharia a eleição presidencial de 2010.
Ricardo Coutinho se elegeu com a maior margem no segundo turno desde Antônio Mariz em 1994, obtendo 1.079.164 votos (53,70%), contra 930.331 votos ( 46,30%).