A decisão do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, de se filiar ao MDB e consolidar seu nome como pré-candidato ao Governo da Paraíba em 2026 ganhou destaque na imprensa nacional. A Folha de S. Paulo publicou, neste sábado (15), uma análise detalhada sobre os impactos políticos do movimento, que provocou uma ruptura no arco de alianças liderado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Segundo o jornal, a filiação de Cícero ao MDB coloca o gestor da Capital em rota direta de confronto com o atual vice-governador Lucas Ribeiro (PP), que é mantido como pré-candidato pelo PP e integra a base do governador João Azevêdo (PSB). O movimento desmonta a unidade que vinha sendo articulada por Motta e por lideranças governistas para a sucessão estadual.
Racha na base governista
A reportagem destaca que a base de João Azevêdo havia firmado um acordo prevendo Lucas Ribeiro como candidato ao governo e uma chapa ao Senado formada por João Azevêdo e Nabor Wanderley (Republicanos), pai de Hugo Motta. Porém, a entrada de Cícero no MDB e sua pré-candidatura desmontaram essa construção.
Hugo Motta, que até meados de 2023 articulava disputar o Senado, recuou após assumir a presidência da Câmara e passou a apoiar o nome do pai. Aliados do deputado reconhecem que a disputa para o Senado será acirrada, especialmente porque João Azevêdo é apontado como favorito para uma vaga.
Entre os principais adversários de Nabor estão o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e o ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga (PL).
A Folha ainda ressalta que Veneziano, aliado de Lula, encontrou uma saída para a construção de seu palanque com a chegada de Cícero Lucena ao MDB — mesmo com divergências locais entre os dois. Já Queiroga aposta no eleitorado bolsonarista e endurece críticas aos concorrentes, afirmando que “são candidatos da verba” enquanto ele seria “do verbo”.
Efraim, Pedro Cunha Lima e o jogo da oposição
O senador Efraim Filho (União Brasil) deve ser o candidato ao governo apoiado pelo PL de Jair Bolsonaro. Ele tem intensificado a aproximação com o bolsonarismo, inclusive com aval público de Michelle Bolsonaro durante visita à Paraíba. A expectativa é que a divisão na base governista possa favorecer uma vaga de Efraim no segundo turno.
Outro nome cobiçado é o do ex-deputado federal Pedro Cunha Lima (PSD), derrotado no segundo turno em 2022. Segundo a publicação, tanto a chapa de Cícero quanto a de Efraim tentam atrair Pedro para ocupar a vaga de vice. A decisão deve ser tomada em conjunto com o primo e prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (União Brasil).
Disputa interna pelo apoio do PT
A matéria ressalta ainda a disputa entre Cícero e Lucas pelo apoio do PT. O partido, apesar de ter apenas um prefeito na Paraíba, é estratégico por representar o presidente Lula e ter um dos maiores tempos de propaganda. Há possibilidade de os petistas ocuparem a vaga de vice em uma das chapas, e a prioridade do partido será eleger dois deputados federais, incluindo o ex-governador Ricardo Coutinho.
“Traição” e tensão política
A reportagem menciona que a articulação de Cícero irritou o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Segundo a Folha, ele relatou a aliados ter se sentido “traído”, lembrando que o PP foi responsável por lançar Cícero de volta à política em 2020.
Cícero ganha projeção nacional na disputa pelo Governo da Paraíba
Eleito em 2024 e com boa aprovação na Capital, Cícero entrou no MDB para viabilizar sua candidatura ao governo e disputar o comando do estado com Lucas Ribeiro e Efraim Filho, em um cenário considerado um dos mais competitivos da história recente da Paraíba.

