Parlamentares do Partido Liberal (PL), apesar de ausentes da Câmara e vivendo no exterior, tiveram emendas aprovadas e continuaram a destinar recursos públicos durante 2025 e 2026 — somando cerca de R$ 92 milhões entre emendas individuais e diretas.
Segundo o comitê de admissibilidade da Comissão Mista de Orçamento, os deputados Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem tiveram R$ 80,5 milhões aprovados em emendas individuais para 2026, mesmo estando fora do Brasil: Eduardo desde março, e Ramagem desde setembro, este último condenado a 16 anos e um mês de prisão. As emendas de Eduardo foram direcionadas à atenção primária à saúde e à segurança pública; as de Ramagem, a saúde, às forças militares e a apoio à pesquisa científica na Antártica.
Fontes ligadas ao orçamento relataram que tais aprovações ocorreram apesar da ausência de norma que impeça parlamentares afastados de manter mandatos ativos. No mesmo contexto, a parlamentar cassada pelo STF Carla Zambelli aparece como ainda integrante da Câmara, embora suas emendas já estejam sendo operadas por suplente. A expectativa é que os mandatos de Eduardo, Ramagem e Zambelli só sejam cassados por falta de comparecimento a partir de março de 2026 — até lá, continuam podendo manusear recursos públicos previstos no Orçamento.
Além das emendas individuais, os três parlamentares obtiveram, em 2025, R$ 11.979.000 via o mecanismo de “emendas Pix” — repasses diretos do Orçamento federal a estados e municípios que dispensam projeto detalhado ou fiscalização prévia. Conforme divulgado pelo portal R7, os valores foram distribuídos da seguinte forma: R$ 8.811.000 para Carla Zambelli; R$ 2.475.000 para Delegado Ramagem; e R$ 693.000 para Eduardo Bolsonaro.
Especialistas consultados por veículos de imprensa apontam que essa modalidade de repasse pode dificultar o rastreamento da aplicação dos recursos. A falta de transparência e a ausência de controle prévio sobre a execução das emendas geram questionamentos sobre a accountability do gasto público — especialmente considerando o histórico de afastamentos e decisões judiciais envolvendo esses parlamentares.
Segundo o site Congresso em Foco, em outubro de 2025, mesmo com os parlamentares impedidos de exercer os mandatos por determinação judicial, a Câmara desembolsou R$ 398,4 mil relativos à manutenção dos gabinetes dos três deputados.

