Fraude no INSS começou no governo Bolsonaro, diz PF

O presidente da autarquia, Alessandro Stefanutto, foi afastado após ser alvo da Operação Sem Desconto

Embora a Operação Sem Desconto tenha atingido diretamente o atual presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi afastado do cargo nesta quarta-feira (23), e servidores do governo Lula, as investigações da Polícia Federal (PF) dão conta de que a fraude bilionária nos benefícios previdenciários começou em 2019 – isto é, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro. Desde então, cerca de R$ 6,3 bilhões teriam sido desviados por meio de descontos não autorizados aplicados sobre aposentadorias e pensões.
Além do afastamento de Stefanutto, mandados de busca foram cumpridos para coleta de provas. A operação é realizada em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), e os principais detalhes foram levados pessoalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta quarta, durante reunião no Palácio da Alvorada.

Também participam das discussões sobre o caso o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e o ministro da CGU, Vinícius Carvalho. Uma nova reunião está sendo realizada no Ministério da Justiça para definir os próximos passos da apuração.

Até o momento, o governo federal ainda não anunciou quem assumirá interinamente a presidência do INSS. A investigação continua em andamento e pode atingir outras áreas do sistema previdenciário.

Operação da PF e CGU

A PF e a CGU deflagraram na manhã desta quarta-feira (23) uma ampla operação contra um esquema de fraudes bilionárias envolvendo benefícios previdenciários do INSS. A ação ocorre simultaneamente em 13 estados e no Distrito Federal.

Ao todo, estão sendo cumpridos 211 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e ordens de sequestro de bens que somam mais de R$ 1 bilhão. A operação é uma das maiores já realizadas no âmbito da Previdência Social.

De acordo com a PF, o esquema teria desviado cerca de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, por meio de descontos indevidos de mensalidades associativas cobradas sem autorização de aposentados e pensionistas. As entidades investigadas se apresentavam como representantes dos beneficiários, mas, segundo os investigadores, utilizavam essa posição para aplicar os descontos diretamente nos benefícios pagos pelo INSS.

Apesar da magnitude da operação, a PF ainda não detalhou completamente como funcionava o esquema, mas indicou que as cobranças irregulares estavam concentradas principalmente em aposentadorias e pensões.

As investigações continuam em andamento, e a expectativa é que os desdobramentos revelem novos envolvidos e possíveis falhas nos mecanismos de controle dos benefícios previdenciários.

Com informações do Blog da Camila Bonfim e do G1