Indígena e militar: quem é deputada cassada por gasto com harmonização usando dinheiro público
MPE alegou que a deputada federal teria usado R$ 9 mil dos recursos destinados à campanha de 2022 para fazer o procedimento estético
O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) cassou, por unanimidade, o mandato da deputada federal Silvia Waiãpi (PL-AP) por utilização de verba pública de campanha eleitoral para procedimento de harmonização facial durante as eleições de 2022. Os sete desembargadores e juízes rejeitaram a prestação de contas dela e acataram a solicitação do Ministério Público Eleitoral (MPE) pela cassação.
O Ministério Público Eleitoral denunciou a política bolsonarista por gastar R$ 9 mil dos recursos destinados à campanha em procedimentos estéticos em um consultório odontológico em Macapá, capital do Amapá.
A denúncia aponta que o procedimento foi realizado em 29 de agosto de 2022, durante período de campanha eleitoral. Nesse mesmo dia, a deputada federal recebeu recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC).
Durante sessão desta quarta-feira (19), os desembargadores acompanharam trecho do depoimento prestado pelo cirurgião-dentista, que confirmou ter recebido pagamento pelo procedimento estético da então assessora eleitoral da parlamentar.
De acordo com a denúncia, além dos R$ 9 mil destinados à harmonização facial, a parlamentar apresentou à Corte Eleitoral um total de R$ 39.454,70 em gastos de campanha. Desse montante, apenas R$ 20 mil foram destinados a serviços de marketing digital, cerimonial e produção de vídeos. Os R$ 19.454,70 restantes foram gastos com outras despesas.
A defesa da deputada Silvia Waiãpi ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar reverter a decisão do TRE-AP.
Em sua campanha nas eleições, ela recebeu o apoio de políticos do PL, como os deputados Eduardo Bolsonaro (SP) e Carla Zambelli e a senadora Damares Alves (DF). Por isso, foi criticada pelos movimentos indígenas, que tiveram as relações desgastadas com o ex-presidente.
No Instagram, onde acumula quase 300 mil seguidores, Waiãpi se descreve como “republicana conservadora, defensora da mulher, da criança e da família”. Na rede social, ela posa com Jair e Michelle Bolsonaro, além fazer diversas publicações criticando o presidente Lula (PT) e o atual governo.
Waiãpi foi a primeira militar indígena a integrar as Forças Armadas no Brasil. Em 2011, ela disputou uma vaga com 5.000 candidatos e foi aprovada com uma das melhores pontuações no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro.
Indígena e bolsonarista, a ex-oficial do Exército foi eleita deputada federal pelo Amapá nas eleições de 2022. Ela ocupou o cargo de secretária de Saúde Indígena no governo Bolsonaro. Nas eleições, foi a deputada federal eleita menos votada no Brasil, com 5.435 votos.