Intoxicado por vodca com metanol recebe alta após tratamento com vodca russa

Bebidas adulteradas já causaram cinco mortes em São Paulo: três homens de 54, 46 e 45 anos; uma mulher de 30; e um homem de 23

Cláudio Crespi, de 55 anos, deixou neste domingo (12) o Hospital Municipal José Storopolli, na Vila Mariazona norte de São Paulo, após duas semanas internado em estado grave por intoxicação por metanol. O comerciante, que ficou com cerca de 10% da visão, é um dos casos confirmados da substância no estado.

Segundo familiares, Crespi passou mal no dia 26 de setembro, um dia após consumir vodca em um bar de Guarulhos. No dia seguinte, foi internado com suspeita de envenenamento e acabou entubado. A equipe médica do hospital apontou possível contaminação por metanol, substância altamente tóxica usada em bebidas alcoólicas adulteradas.

Sem o antídoto específico disponível no momento, o tratamento teve um início inusitado: uma garrafa de vodca russa encontrada na casa de sua sobrinha, a advogada Camila Crespi, foi usada sob recomendação do Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox). O álcool comum (etanol) da bebida serve como antídoto emergencial, impedindo que o corpo converta o metanol em compostos tóxicos.

O procedimento foi realizado por sonda nasogástrica e acompanhado por um médico da família. “É um protocolo reconhecido e eficaz em situações de emergência”, informou a Secretaria Municipal da Saúde, que confirmou o uso do destilado como medida temporária até a chegada do etanol farmacêutico, o antídoto oficial.

Após a estabilização do quadro, Crespi passou a receber etanol injetável e realizou sessões de hemodiálise. Ele recebeu alta neste fim de semana, ainda com sequelas na visão.

Casos de metanol no Estado

De acordo com balanço divulgado na sexta-feira (10) pelo governo de São Paulo, o estado registra 25 casos confirmados de intoxicação por metanol e outros 160 em investigação. Ao todo, 189 casos já foram descartados.

As bebidas adulteradas com metanol já causaram cinco mortes em São Paulo: três homens, de 54, 46 e 45 anos, moradores da capital; uma mulher, de 30, de São Bernardo do Campo; e um homem, de 23, de Osasco. Outras seis mortes seguem sob análise — quatro na capital e duas em São Bernardo do Campo.

A Secretaria Estadual da Saúde reforçou que o antídoto específico contra metanol está disponível na rede pública e é distribuído aos hospitais municipais conforme a demanda.