A vereadora Monica Benício (PSOL-RJ), viúva de Marielle Franco, criticou o anúncio oficial feito pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre a homologação pelo STF (Supremo Tribunal Federal) da delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, apontado como autor dos disparos que mataram a parlamentar e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
“Esse pronunciamento do ministro em nada colabora com a esperança, apenas aumenta as especulações e uma disputa de protagonismo público que não honram as duas pessoas assassinadas”, disse, em nota divulgada nas redes sociais.
Monica criticou especialmente a fala final do ministro, com a promessa de resultados concretos em breve sobre os assassinatos.
“Queremos respostas concretas. Espero que a próxima coletiva convocada seja para fazer um pronunciamento de ordem concreta e realmente comprometida com a justiça”, disse a vereadora.
A viúva afirmou ainda que foi surpreendida, “junto a milhões de brasileiros”, pela notícia sobre a coletiva de Lewandowski. Ela acredita que a homologação é um passo importante para a conclusão do caso, mas destacou que os familiares não aguentam mais a falta de respostas e prazos que não são cumpridos.
“Isso é desrespeitoso conosco, familiares e amigos que perdemos pessoas amadas e vivemos com a ausência de justiça”, disse. “O assassinato brutal da minha esposa é uma mácula na democracia brasileira e nos levou a questionar que tipo de democracia é essa na qual um grupo é autorizado a usar a violência e a morte como forma de fazer política”.
O tom crítico de Monica contrasta com o pronunciamento da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, sobre o anúncio.
“As notícias que acabam de sair com os avanços da investigação sobre o caso da minha irmã e do Anderson nos dão fé e esperança de que finalmente teremos respostas para esse assassinato político, covarde e brutal”, afirmou. “O anúncio do ministro Lewandowski a partir do diálogo com o ministro Alexandre de Moraes é uma demonstração ao Brasil de que as instituições de Justiça seguem comprometidas com a resolução do caso.”
Anielle afirmou que continuará acompanhando a investigação até o final e trabalhando para que nunca mais uma pessoa tenha a vida interrompida pelas ideias que defende.
“Somos muitas as brasileiras e os brasileiros que acreditam que é possível”, concluiu.
Segundo o STF, o ministro Alexandre de Moraes homologou o acordo de colaboração premiada após verificar que estão presentes os requisitos exigidos em lei de regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal.
“Na segunda-feira (18/3), houve uma audiência com o colaborador, na qual foi constatada a voluntariedade da manifestação da vontade dele. Agora, o caso está com a Polícia Federal para continuidade das investigações, que correm sob sigilo”, disse o Supremo, em nota.