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“LAMPEJO SEPARATISTA”; João Azevedo fala em nome do Consórcio Nordeste e engrossa o coro contra fala xenofóbica de Zema

Neste domingo (07), o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste) emitiu uma nota de crítica às declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. O chefe do Executivo mineiro, mais uma vez, expressou sua intenção de dar destaque político às Regiões Sul e Sudeste, o que gerou reações de repúdio por parte do Consórcio. João Azevêdo (PSB), que preside o conscórcio, respondeu de forma firme, que a união regional dos estados do Nordeste e do Norte não busca uma competição com as demais unidades da federação, mas sim uma forma de equilibrar, por meio da organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento.

 “Já passou da hora de o Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais” dizia a nota.

Zema já havia suscitado polêmica em junho durante um encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), em Belo Horizonte, ao alegar que essas regiões concentravam mais trabalhadores do que o restante do país. Em sua entrevista ao Estadão, ele também compartilhou sua percepção sobre a importância de uma união de candidatos de direita nas próximas eleições, destacando o papel de Bolsonaro.

As declarações de Zema continuam gerando discussões acaloradas nas redes sociais, reforçando o debate sobre a importância da cooperação regional e da busca por equidade no desenvolvimento entre as diferentes regiões do Brasil.

Presidente da Assembleia Paraibana também se manifestou: LEIA MAIS AQUI

 

Veja a íntegra da nota:

“O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 05 de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento.

O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais.

Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”.

Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais.

É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento.

Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades.

A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo.

Assim, nós, governadoras e governadores da Região Nordeste, além de defendermos um Brasil cada vez mais forte e próspero, apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura.”

Nordeste do Brasil, 06 de agosto de 2023. 

JOÃO AZEVÊDO – Presidente do Consórcio Nordeste