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Lula detalha o que falou sobre Bolsonaro a Trump: “parte do passado da política brasileira”

“Se depender do Trump e de mim, vai ter acordo”, disse Lula, que falou dos temas tratadas com o presidente dos EUA, incluindo as mentiras sobre perseguição a Bolsonaro. “Ele sabe que rei morto, rei posto”.

Em entrevista de cerca de uma hora a jornalistas na Malásia na madrugada desta segunda-feira (27), Lula detalhou os assuntos tratados com Donald Trump na reunião ocorrida no dia anterior e especificou o que tratou sobre Jair Bolsonaro (PL), ex-presidente brasileiro condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar uma organização criminosa que tentou um golpe de Estado, citado na carta em que os EUA impuseram o tarifaço ao Brasil.

“Eu disse pra ele que o julgamento foi um julgamento muito sério, com provas muito contundentes. Nenhuma prova da oposição, prova todas de relatos das pessoas que estão sendo julgadas. Disse pra ele a gravidade do que eles tentaram fazer no Brasil. Que eles tinham um plano pra matar a mim, pra matar o meu vice-presidente, pra matar Alexandre Moraes. E eles foram julgados com direitos de defesa, que eu não tive quando eu fui processado. E que, portanto, sabe, isso não tá em questão, isso não tá em discussão, sabe?”, afirmou o presidente brasileiro.

“E ele [Trump] sabe que rei morto, rei posto. O Bolsonaro faz parte do passado da política brasileira. E eu ainda disse pra ele: com três reuniões que você fizer comigo, você vai perceber, sabe, que o Bolsonaro era nada praticamente”, emendou.

Lula ainda afirmou que qualquer discussão de natureza política será feita entre presidentes, aos negociadores caberão os temas de interesse das duas nações. A informação acaba com a narrativa de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e da horda bolsonarista, que tinha esperanças na participação do secretário de Estado, Marco Rubio, na negociação

“Vai ter acordo”

Lula afirmou ainda que a reunião com Trump foi “surpreendentemente boa” e ficou clara a disposições das duas partes em fazer acordo. “Se depender do Trump e de mim, vai ter acordo”, afirmou.

O presidente afirmou que a expectativa é que em pouco tempo se chegue a uma solução. “Ele garantiu que vamos ter acordo e acho que vai ser mais rápido do que muita gente pensa”. “Estou convencido de que em poucos dias teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil para que a vida siga boa e alegre como dizia Gonzaguinha na sua música”.

O brasileiro disse que teve a “boa impressão” de que relação de afinidade entre Brasil e Estados Unidos será retomada e logo-logo não haverá problema entre os dois países. “Acho que está estabelecida a relação Brasil-Estados Unidos, quem imaginava que não ia ter, perdeu, Vai ter e vai ser uma relação produtiva para os dois países e para a democracia”, observou o presidente.

Na conversa, Lula disse que expressou ao presidente norte-americano que as diferenças ideológicas entre eles devem ser superadas em benefício dos brasileiros e norte-americanos. “Agora não tem mais intermediários, é o presidente Lula com o presidente Trump. Gostemos ou não um do outro, nós temos que assumir a responsabilidade como chefes de Estado de saber que nossas ações têm que trazer benefício para o povo que nos elegeu”.

Reivindicações

Durante a reunião, Lula entregou por escrito a Donald Trump as reivindicações do Brasil. Ele citou a revogação do tarifaço e da punição a autoridades brasileiras, a tensão entre Estados Unidos e Venezuela e a guerra da Ucrânia. Lula disse ter deixado claro que a decisão de impor tarifas elevadas à exportação de produtos brasileiros foi tomada com base em informações equivocadas.

“Não estou reivindicando nada que não seja justo para o Brasil e tenho do meu lado a verdade. Os Estados Unidos não tem déficit com o Brasil, que foi a explicação da famosa taxação ao mundo. Os Estados Unidos só iriam taxar países com os quais ele tivesse déficit comercial”, ressaltou Lula.

Para Lula, é preciso que haja a suspensão da taxação para que as negociações comecem do zero. Ele informou que na próxima semana representantes dos dois países devem se reunir em Washington.

Venezuela

Lula avaliou que é possível encontrar uma solução para a tensão entre Estados Unidos e Venezuela caso haja interesse em negociar e expôs a Trump sua disposição para ajudar.

“Não queremos que haja guerra na América do Sul. Nossa guerra é contra a pobreza, contra a fome. Se não conseguimos resolver o problema da fome, como fazer guerra?. Pra matar os famintos?”, disse.

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