Lula diz estar otimista sobre fim das tarifas dos EUA e prevê acordo “em poucos dias”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (27) que está otimista quanto à suspensão das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e que os dois países devem chegar a um acordo “em poucos dias”.

Em coletiva de imprensa em Kuala Lumpur, na Malásia, Lula relatou que teve uma “boa impressão” após reunião com o presidente Donald Trump, no domingo (26).

“Tive ontem na reunião com o presidente Donald Trump uma boa impressão de que logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil”, declarou.

“Estou convencido de que, em poucos dias, teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil para que a vida siga boa e alegre do jeito que dizia o Gonzaguinha na sua música”, acrescentou o presidente, que completou 80 anos neste domingo.

Negociações comerciais

Segundo Lula, ele entregou um documento ao governo norte-americano com as pautas de interesse brasileiro, reforçando que os EUA mantêm superávit comercial com o Brasil, o que, segundo ele, invalida a justificativa para a taxação de produtos brasileiros.

“Os Estados Unidos não têm déficit com o Brasil, que foi a explicação da famosa taxação ao mundo. Eles só iam taxar países com quem tinham déficit comercial”, disse Lula.

Questionado se Trump fez promessas durante o encontro, o petista respondeu com bom humor:

“Eu não sou santo para receber promessas. O que ele tem que fazer é compromisso, e o compromisso que ele fez é que pretende fazer um acordo de boa qualidade com o Brasil.”

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que equipes técnicas dos dois países devem realizar reuniões nas próximas semanas para avançar nas tratativas.

“Concordamos em trabalhar para construir um acordo satisfatório para ambas as partes”, afirmou.

O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, acrescentou que as negociações estão “avançando espetacularmente bem”.

“Hoje fazemos uma discussão de um acordo comercial, e não com outras naturezas que não sejam comerciais”, afirmou.

Venezuela e COP30

Durante o encontro, Lula também disse ter se colocado à disposição para ajudar nas negociações sobre a Venezuela, reforçando que o Brasil não tem interesse em conflitos na América do Sul.

“A nossa guerra é contra a pobreza e a fome. Não dá para achar que tudo é resolvido à base da bala”, declarou.

O presidente também afirmou ter renovado o convite para que Trump participe da COP30, conferência climática da ONU que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA).

“Convidei ele para ir à COP, disse que é importante que ele vá para dizer o que pensa. Não podemos fingir que não há uma crise climática”, disse Lula.

Expansão no Sudeste Asiático

Na coletiva, a comitiva brasileira destacou a importância das visitas à Indonésia e à Malásia, com o objetivo de ampliar as relações comerciais e atrair investimentos.

“O Sudeste Asiático é o epicentro do crescimento global e um polo de inovação tecnológica. Está no centro das prioridades da política externa brasileira”, afirmou o ministro Mauro Vieira.

Lula também anunciou o apoio do Brasil à entrada plena da Malásia no Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.