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Marcos do Val pode se tornar o ‘Pedro Collor’ de Jair Bolsonaro, por Sidney Rezende

O ex-presidente Jair Bolsonaro está tentando ao máximo adiar seu retorno ao Brasil. Seja com pedido de obtenção de visto de turista com prazo mais prolongado, seja realizando palestras fajutas para apoiadores ou mesmo mobilizando o gabinete do ódio para atrapalhar ao máximo a gestão do seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva.

Bolsonaro colhe fracassos sucessivos e baixas consideráveis no seu universo político. Em resumo, o ex-presidente está derretendo. Não está dando certo utilizar o tempo da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro como se fosse uma “relações públicas”, mesmo que isso traga alegria para Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que vê nela possibilidade de suavizar a ausência de quem ele imaginava ser o chefe do legado de direita saído das urnas do ano passado.

Além dos processos judiciais que estão se acumulando, Jair Bolsonaro está diante de um problemão pela frente, e ele se chama senador Marcos do Val (Podemos-ES), que utilizou-se de sua rede social para anunciar sua renúncia ao mandato e dizer que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a dar um golpe de Estado.

“Eu fiquei puto quando me chamaram de bolsonarista. Vocês me esperam que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é lógico que eu denunciei”, esclareceu o senador.

Vamos aguardar os desdobramentos da denúncia. Por ser senador da República, o que diz e faz Do Val ganha gigantesca repercussão. Ele passa a ser testemunha.

A Justiça pode estar diante de alguém indigesto para quem ele acusa, como foram com suas declarações bombásticas Pedro Collor, irmão do presidente Fernando Collor, então chefe da nação. Pedro Collor em entrevista à Veja, a mesma que Marcos do Val detalhou o “assédio” de Bolsonaro, tornou público o funcionamento da corrupção que ele dizia estar no coração do Palácio do Planalto e com anuência do irmão.

Na ocasião, abriu-se um rombo para entrar crise política, processo de impeachment e até mais tarde, a suspeita morte de Paulo César Farias.

O senador Marcos do Val passa a ser o Pedro Collor de Jair Bolsonaro. E isto complica a vida de quem tem como estratégia de sobrevida adiar o medo de ir para a prisão.