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Michelle Bolsonaro admite disputar a Presidência em 2026

Ex-primeira-dama diz que assumirá candidatura se for “a vontade de Deus”

 A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro declarou que poderá concorrer à Presidência da República em 2026, caso seja “a vontade de Deus”. A afirmação foi feita em entrevista ao jornal britânico The Telegraph, a primeira concedida desde a condenação de seu marido, Jair Bolsonaro (PL), a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Na conversa com o veículo britânico, a ex-primeira-dama alegou que Bolsonaro é vítima de suposta perseguição política e classificou o julgamento como uma “farsa judicial”. Também reforçou que, embora seu foco esteja em cuidar da família neste momento, está disposta a assumir um papel político se necessário.

Críticas ao Supremo e defesa de Bolsonaro

Michelle criticou o Supremo Tribunal Federal (STF) e, em particular, o ministro Alexandre de Moraes, pela condenação de Bolsonaro.

“O julgamento de Jair e de outras pessoas inocentes foi uma farsa judicial”, disse. “Atuar simultaneamente como juiz, vítima, promotor e investigador viola os princípios básicos do devido processo legal. Em um país verdadeiramente democrático, este caso seria nulo desde o início”.

Ela ainda ressaltou que sua prioridade continua sendo a recuperação de Bolsonaro, que recentemente passou por cirurgia para retirar lesões de pele.

“Minha atenção está voltada para cuidar do meu marido neste momento delicado. Mas me erguerei como uma leoa para defender nossos valores conservadores, a verdade e a justiça. Se for necessário assumir uma candidatura política, estarei pronta para fazer o que Deus me pedir”, afirmou.

Crise diplomática com os Estados Unidos

A condenação de Jair Bolsonaro provocou tensão entre o Brasil e os Estados Unidos. O presidente norte-americano, Donald Trump, tentou pressionar o STF impondo tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras, além de sanções contra Alexandre de Moraes e outros magistrados. Apesar da pressão, a Justiça manteve a pena, levando Bolsonaro à prisão domiciliar enquanto aguarda recursos.

Trump, que inicialmente manteve uma postura dura, adotou um tom mais conciliador nesta terça-feira (23), ao relatar um breve encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Assembleia Geral da ONU em Nova York.

“Tivemos uma excelente química. É um bom sinal”, declarou o líder norte-americano.

Lula, por sua vez, reafirmou a defesa da soberania nacional.

“Nossa democracia, nossa soberania não são negociáveis”, disse em discurso que recebeu aplausos.

Possível liderança da direita brasileira

A prisão de Jair Bolsonaro abriu espaço para que Michelle seja vista como uma nova referência da direita, especialmente entre os evangélicos, base que a ex-primeira-dama tem cultivado com discursos religiosos e posições conservadoras. No entanto, especialistas avaliam que sua popularidade fora desse núcleo ainda é incerta.

Alguns analistas apontam que Michelle pode atuar como articuladora política, apoiando nomes como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que desponta como alternativa supostamente mais moderada, em troca de uma possível indicação como vice. Outros avaliam que ela vem construindo credenciais próprias para uma candidatura presidencial.

Acusações ao governo Lula

Michelle Bolsonaro também responsabilizou o presidente Lula e Alexandre de Moraes pelos impactos econômicos das sanções impostas pelos Estados Unidos.

“O governo Lula parece decidido a provocar o caos no Brasil e depois atribuí-lo a Trump, explorando um cenário que, na realidade, foi criado por suas próprias políticas”, disse.

Segundo ela, a crise atual decorre de escolhas políticas internas:

“Não desejamos sanções ao Brasil, mas podemos claramente identificar os responsáveis: Lula e Alexandre de Moraes, cujas ações provocaram essa crise”.

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