O interrogatório teve início às 15h da segunda-feira (11) e se estendeu até aproximadamente 23h30, na sede da PF em Brasília
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), prestou depoimento por mais de nove horas à Polícia Federal. O oficial já havia sido interrogado pelos investigadores outras seis vezes, sendo que em três delas havia ficado calado. Nesta segunda-feira, 11, o militar chegou às 15h para depor. Segundo o site G1, o interrogatório terminou à 00h15 desta terça, 12.
Preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), acabou fazendo acordo de delação premiada com a PF e só então passou a responder as perguntas sobre seu envolvimento e do ex-presidente Bolsonaro em várias irregularidades: da tentativa de se apropriar de joias recebidas de presidente do regime da Arábia Saudita ao esquema para fomentar um golpe de Estado e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Em agosto, Mauro Cid prestou dois longos depoimentos. Um durou 10 horas, outro 12. Foi nessa época em que passou a detalhar supostos crimes já na qualidade de delator. Seu depoimento serviu de base para a operação Tempus Veritatis, deflagrada pela corporação em fevereiro deste ano e que teve como alvos o próprio Bolsonaro e generais que teriam compartilhado com o ex-presidente a ideia de impedir a posse de Lula.
No interrogatório desta segunda-feira, 11, a PF também estava interessada em cobrar mais detalhes da reunião ministerial de julho de 2022, na qual Bolsonaro antevê a possibilidade de ser derrotado nas eleições daquele ano e pede a seus ministros que acionem o “plano B”. No encontro no Palácio do Planalto, Bolsonaro diz ao grupo que não pode “deixar chegar as eleições e acontecer o que está pintando”. “Vocês estão vendo agora que… eu acho que chegaram à conclusão. A gente vai ter que fazer alguma coisa antes”, diz ele, insinuando a possibilidade de fraude nas eleições daquele ano.
O vídeo da reunião foi encontrado pela Polícia Federal a partir do computador de Mauro Cid, em um serviço de armazenamento na nuvem. No entanto, a defesa do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro disse que ele nem sequer sabia da existência do encontro, e não estava presente.