O juiz Eduardo Appio foi afastado das investigações da Lava Jato nesta segunda-feira (22) atendendo uma representação do desembargador Marcelo Malucelli (que é pai do sócio de Sérgio Moro). Eduardo Appio segundo informações do Portal Metrópoles, teria feito uma ligação com ID privado, de acordo com o vídeo publicado no Metrópoles, e posteriormente analisada por peritos do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) com voto do corregedor Cândido Alfredo Silva Leal Júnior.

“Sobre acesso a número de telefone que foi utilizado em ameaça a desembargador federal, a partir de publicação de print de tela do eproc com dados sensíveis do advogado, apurou-se que o juiz federal Eduardo Fernando Appio acessou o referido processo judicial duas vezes em 13/04/2023, em horário muito próximo àquele da ligação telefônica suspeita.” Voto do corregedor Cândido Alfredo Silva Leal Júnior.

De acordo com as informações dos autos, a motivação do afastamento do Juiz Appio, não seria apenas a ligação.

VEJA O VíDEO da ligação

Com a decisão, o Conselho do TRF-4 determinou:

• afastar imediatamente e preventivamente o juiz Eduardo Appio;
• suspender o acesso de Appio a prédios da Justiça Federal;
• suspender o acesso eletrônico de Appio a sistema da Justiça Federal
• a devolução de equipamentos eletrônicos usados pelo juiz federal, como desktop, notebook e celular funcionais.

O juiz, agora, terá 15 dias para apresentar sua defesa.

O Desembargador Marcelo Malucelli se declarou suspeito para julgar ações da Lava Jato  em abril. Malucelli é o desembargador que, recentemente, tentou impedir o depoimento de Rodrigo Tacla Duran à 13ª Vara Federal, e que tentou retomar a ordem de prisão contra o ex-advogado da Odebrecht, que acusa o senador Sergio Moro e o ex-deputado Deltan Dallagnol de integrarem um esquema de extorsão de investigados da Lava Jato.

Na segunda-feira (22) Appio enviou à Superintendência da Polícia Federal no Paraná denúncia de grampo clandestino ilegal feito pela Operação Lava Jato na cela onde estava preso o doleiro Alberto Youssef, o grampo teria sido colocado entre 17 e 28 de março de 2014. A denúncia feita pelo advogado do doleiro só foi aceita sete anos depois, Youssef já havia tentado acessar o laudo da investigação, mas não teve êxito no período em que Sergio Moro esteve à frente da 13ª Vara Federal de Curitiba.

O mesmo TRF que aceitou a suspeição do Desembargador Malucelli no caso da Lava Jato, afasta o novo juiz da mesma operação, conflito de interesses que demonstram ora incoerência, ora corporativismo de ambos os lados dentro do judiciário brasileiro.

O juiz, agora, terá 15 dias para apresentar sua defesa.