Grupo Refit mantinha relações com empresas investigadas na Operação Carbono Oculto e utilizava fundos estrangeiros para lavar dinheiro
A Receita Federal do Brasil (RFB) deflagrou nesta segunda-feira (27/11) a Operação Poço de Lobato, que tem como alvo principal o grupo Refit, considerado na investigação como o maior devedor de impostos do país, com mais de R$ 26 bilhões em dívidas no total. O grupo mantinha relações com outras empresas investigadas na Operação Carbono Oculto e, assim como elas, também atuava no setor de combustíveis.
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira/SP) bloquearam mais de R$ 10,2 bilhões em bens dos envolvidos na operação, como imóveis e veículos, como medida cautelar.
De acordo com a Receita, as investigações apontam que a Refir movimentou mais de R$ 70 bilhões em apenas um ano, por meio de empresas próprias, fundos de investimento e offshores, com o objetivo de ocultar lucros. O grupo, que tem como núcleo o Rio de Janeiro, controla outras empresas financeiras e utiliza estruturas internacionais, como uma exportadora, para blindagem patrimonial.
Com dinheiro de formuladoras e distribuidoras vinculadas ao grupo, importadoras atuavam como terceiros para lavar dinheiro na compra de diesel, nafta e hidrocarbonetos de fora do país. No período de 2020 a 2025, a Receita Federal identificou a importação de mais de R$ 32 bilhões em combustíveis pelos investigados na Poço de Lobato.
A Refit ainda foi alvo da Operação Carbono Oculto, que também tinha o objetivo de investigar empresas que atuavam no setor de combustíveis para lavar dinheiro. No âmbito dessa operação, os órgãos retiveram quatro navios que continham aproximadamente 180 litros de combustível. Por conta disso, a refinaria do grupo foi interditada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), que identificou uma série de irregularidades.
Segundo a Receita, a blindagem dos recursos fraudulentos ocorria por meio de uma grande operadora financeira que atuava como sócia de outras instituições que também prestavam serviços ao grupo. A empresa maior seria uma espécie de “mãe”, enquanto que as menores que eram controladas pela principal seriam as “filhas”. Desde o segundo semestre de 2024, esse esquema movimentou mais de R$ 72 bilhões.
Os recursos ilícitos eram reinvestidos em negócios, propriedades e outros ativos por meio de fundos de investimento, de acordo com a Receita Federal. Essa é uma prática muito utilizada nos esquemas de lavagem de dinheiro, por dificultar o rastreamento e dar uma cara de legalidade às movimentações. As investigações apontam que há 17 fundos ligados ao grupo, que somam um total de R$ 8 bilhões em patrimônio líquido.
Às 11h, pelo horário de Brasília, nesta quinta-feira, a Receita Federal concede uma entrevista coletiva para explicar mais detalhes sobre a Operação Poço de Lobato e os novos passos das investigações.






