A tramitação do projeto que reduz as penas de condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro pode enfrentar um atraso significativo no Senado após a sinalização do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) de que irá pedir vista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O texto, aprovado pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (10), está previsto para ser analisado pela comissão na próxima quarta (17).
“Eu vou pedir vista”, confirmou Veneziano. A decisão, no entanto, dependerá do presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA), que irá definir se o pedido resultará ou não no adiamento da votação. Nos bastidores, a avaliação é de que a solicitação pode empurrar a discussão para 2026, dado o calendário apertado e o recesso parlamentar.
A movimentação do senador paraibano repercutiu imediatamente no Senado, especialmente porque Veneziano é aliado do governo Lula e disputará a reeleição no próximo ano. Ele enfrentará nas urnas o prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Republicanos), pai do presidente da Câmara, Hugo Motta, que foi um dos articuladores para acelerar a aprovação da matéria na Casa Baixa.
Mais cedo, Otto Alencar já havia antecipado que um pedido de vista poderia adiar a análise para o próximo ano legislativo. Outros parlamentares da base governista também avaliam seguir a mesma estratégia de Veneziano, ampliando as chances de um atraso prolongado.
O movimento ocorre após a Câmara aprovar a proposta em uma votação considerada surpresa até por lideranças do próprio governo. No Senado, apesar de o presidente Davi Alcolumbre ter defendido que o tema fosse direto ao plenário, Otto Alencar e Renan Calheiros (MDB-AL) insistiram no rito regular, garantindo apreciação prévia pela CCJ antes de qualquer deliberação final.
