Enquanto brasileiros se dividem sobre possíveis retaliações, a maioria (68%) defende que o Brasil priorize acordos com outros parceiros, como a China
A mais recente pesquisa do Ipsos-Ipec, divulgada pelo g1, indica que os brasileiros estão divididos sobre a melhor resposta ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos contra produtos nacionais. O levantamento revela que 49% concordam que o Brasil deveria retaliar aplicando tarifas igualmente altas sobre importações americanas, enquanto 43% discordam dessa estratégia.
O estudo foi realizado entre 1º e 5 de agosto, um dia antes de o aumento entrar em vigor, e ouviu 2 mil pessoas em 132 cidades, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%. Entre os favoráveis à retaliação, 33% concordam totalmente e 16% parcialmente. Entre os contrários, 30% rejeitam totalmente a medida e 13% discordam em parte.
Apoio e rejeição divididos por perfil
A adesão à resposta “na mesma moeda” é mais alta entre eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (61%), moradores do Norte e Centro-Oeste (58%), jovens de 16 a 24 anos (55%) e pessoas com ensino superior (53%). Mulheres (51%), católicos (51%) e famílias com renda de 1 a 2 salários mínimos (50%) também estão entre os que mais apoiam a medida.
Já a rejeição é predominante entre eleitores de Jair Bolsonaro (56%), moradores da região Sul (52%), habitantes de periferias (52%) e evangélicos (50%).
Tarifaço visto como ação política
Para 75% dos entrevistados, o tarifaço decretado pelo presidente Donald Trump tem motivação política. Apenas 12% consideram que a medida seja uma questão comercial, enquanto 5% veem ambas as motivações e 8% não souberam opinar. Essa percepção de cunho político é ainda mais forte entre pessoas de 45 a 59 anos (80%) e moradores das regiões Nordeste e Sudeste (77%).
Impacto na imagem dos Estados Unidos
O estudo também aponta um desgaste na percepção dos brasileiros sobre os EUA. Antes do tarifaço, 48% avaliavam a imagem do país como “ótima” ou “boa”, contra 15% que tinham opinião negativa. Após o anúncio, 38% afirmaram que sua imagem piorou, 6% disseram que melhorou e 51% não notaram mudança.
Busca por novos parceiros comerciais
Diante do embate, 68% defendem que o Brasil priorize acordos com outros parceiros, como China e União Europeia, enquanto 25% discordam. Entre os que apoiam essa estratégia, 45% concordam totalmente e 23% em parte.
Temor de isolamento internacional
A tensão diplomática também levanta preocupações sobre o posicionamento global do Brasil. Segundo a pesquisa, 60% acreditam que o país pode ficar mais isolado no cenário internacional por causa do confronto tarifário com os EUA, enquanto 32% não veem esse risco.