PF encontra pedido de golpe, convocação para acampamentos e ‘ameaça a Lula’no celular de Anderson Torres
O celular do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, tem elementos que podem embasar sua condenação por participação na trama golpista, de acordo com informações do jornalista Paulo Cappelli, do Metrópoles.
Um dos achados mais alarmantes foi uma imagem datada de dezembro do ano anterior, que insinuava o enforcamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus apoiadores durante a cerimônia de posse presidencial. Além disso, o dispositivo guardava material convocando para “concentração nos quartéis” com o propósito de “exigir intervenção federal”, uma expressão que também apareceu em diálogos interceptados de familiares de Mauro Cid.
O celular de Torres também abrigava acusações infundadas de fraudes eleitorais, críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), com foco no ministro Alexandre de Moraes, e alegações de que este último teria adquirido propriedades com recursos incompatíveis com seu salário de ministro da Suprema Corte. Curiosamente, informações sobre o passatempo de Torres, que é a criação de aves, estavam registradas no dispositivo. Esse hobby chamou a atenção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que realizou uma operação em sua residência.
A análise revelou uma imagem sugestiva, intitulada “A rampa”, com data de 3 de dezembro de 2022, onde se alegava que os “corruptos comunistas” que supostamente fraudaram as eleições subiriam uma rampa em Brasília construída pelo povo brasileiro, terminando em uma forca. Adicionalmente, o celular continha um folder convocando uma manifestação, dois dias após o segundo turno das eleições, pedindo uma “intervenção federal”. Também foi encontrado um vídeo chamando para protestos com o slogan “Fora Lula” e uma captura de tela de uma postagem no Instagram alegando descarte ilegal de urnas eletrônicas em Porto Alegre após o segundo turno.
No dispositivo de Anderson Torres, havia ainda uma legenda em uma foto do ministro Alexandre de Moraes, questionando a origem dos recursos supostamente utilizados para adquirir oito imóveis, cada um avaliado em cerca de 4 milhões de reais, com um salário de 39 mil reais. Essas revelações atraíram críticas frequentes de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro em relação a Alexandre de Moraes, alegando perseguição política e suposta parcialidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Prisão de Anderson Torres
Ex-secretário de Segurança do governo do Distrito Federal, comandado por Ibaneis Rocha após o fim do governo Bolsonaro, Torres foi um dos primeiros alvos depois do ataque aos edifícios-sede dos Três Poderes, em Brasília, no 8 de janeiro. Ele foi preso no dia 14, apenas seis dias depois dos atos golpistas.
Ao chegar ao Brasil para se apresentar à Polícia Federal, alegou ter perdido o celular nos Estados Unidos. Os investigadores conseguiram acessar as informações chegando aos dados salvos na nuvem.