A UFPB voltou a entrar em pauta nesta segunda-feira (14). Dessa vez com a convocação da Polícia Federal, conforme destacado na coluna de Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo. Alunos, professores e servidores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) relatam estar enfrentando um ambiente de perseguição e retaliação após se manifestarem contra a gestão do reitor Valdiney Veloso Gouveia.
Segundo a coluna, recentemente, estudantes e docentes foram convocados a depor na Polícia Federal (PF) devido a discursos proferidos durante eventos internos na instituição. Eles são acusados pela universidade de cometer crimes contra a honra e de ameaçar o reitor. No entanto, os acusados alegam que os inquéritos têm como objetivo censurá-los e silenciar suas críticas.
As tensões em torno da gestão do reitor Valdiney Gouveia vêm desde sua posse no final de 2020. A nomeação de Gouveia foi controversa, pois ele foi indicado ao cargo pelo então presidente Jair Bolsonaro, apesar de ter sido o último colocado na lista tríplice de candidatos enviada ao governo federal. Normalmente, o Ministério da Educação nomeia o candidato mais votado pela comunidade universitária.
No ano de 2021, um comitê composto por entidades e grupos da UFPB apresentou um dossiê que apontava problemas na gestão de Gouveia, incluindo precarização das condições de trabalho e estudantis, repressão e um suposto alinhamento ideológico com a extrema direita. O documento citava, de acordo com a coluna, um acordo entre a UFPB e a Universidade Estatal da Belarus (BSU), que é acusada de reprimir estudantes e docentes.
No mês de maio deste ano, a possibilidade de destituir o reitor Valdiney Gouveia foi discutida em uma reunião que envolveu as principais instâncias deliberativas da UFPB. Contudo, a reunião foi conduzida pela vice-reitora Liana Filgueira, o que gerou polêmica, pois ela é parte envolvida no processo. O encontro não resultou em uma conclusão.
A servidora Lena Leite Dias e três professores foram convocados pela Polícia Federal após chamarem Gouveia de “interventor” e apontarem críticas contra a gestão dele.
Em nota, a diretoria do Sindicato dos Docentes da UFPB manifestou solidariedade à servidora Lena e à estudante Odara e disse que a instituição passa por um momento crítico, “com a utilização do aparato de Estado para perseguição daqueles que não se conformam com a usurpação do poder e o solapamento da vivência democrática”.