Agentes apuram eventual conexão entre o artefato explosivo encontrado no Gama e a tentativa de atentado nas proximidades do aeroporto de Brasília. PCDF está à procura de um segundo suspeito do ato terrorista, o eletricista Alan Diego
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga se existe conexão entre a bomba plantada próxima ao Aeroporto Internacional de Brasília, no sábado, e o artefato explosivo encontrado na DF-290 do Gama, no domingo. Os dois casos acendem o alerta para a cerimônia de posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro, na Esplanada dos Ministérios.
O material explosivo estava em uma área de mata da Gama e pesava cerca de 40kg. Foi detonado pelas equipes do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Também havia no local dois coletes à prova de bala. O caso é investigado pela Delegacia de Repressão à Corrupção da Polícia Civil (Decor/PCDF).
Todo o processo de identificação, contenção e destruição da bomba levou mais de sete horas. Ainda não se sabe quem colocou o material naquela área. Os coletes foram apreendidos e levados à 20ª Delegacia de Polícia (Gama) para o registro da ocorrência.
O caso se junta ao de sábado, em que uma bomba foi encontrada no eixo de um caminhão-tanque, abastecido com 63 mil litros de querosene de aviação, na Estrada Parque Aeroporto (Epar), em frente à Concessionária V1. No entanto, o plano inicial era explodi-la na subestação de Taguatinga. O suspeito da tentativa de atentado é o empresário George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, que está detido no Presídio da Papuda.
A PCDF está à procura, agora, de um segundo homem suspeito de envolvimento na tentativa de atentado. Alan Diego Rodrigues, 32, foi mencionado, em depoimento, por George Washington. Segundo a confissão, Rodrigues levou o material ao local.
Alan Diego é natural de Comodoro (MT) e trabalha como eletricista. Desde o final de novembro, compartilha, nas redes sociais, os movimentos das pessoas acampadas em frente ao Quartel-General do Exército (QG). Em uma das publicações, ele filma as palavras de ordem do indígena José Acácio Serere Xavante, conhecido como cacique Tereré, preso no último dia 12 por atos antidemocráticos.
O artefato próximo ao aeroporto seria explodido por meio de um dispositivo remoto. A perícia da PCDF identificou que houve tentativa de detonar a bomba. “Graças a Deus, conseguimos interceptar. Não conseguiram explodir, mas a perícia nos relata que eles tentaram”, frisou o diretor-geral da corporação, Robson Cândido. Peritos avaliam que a quantidade de explosivos seria capaz de romper o compartimento do tanque, mas ainda não há confirmações concretas.
George Washington foi preso no apartamento que aluga no Sudoeste. No local, os investigadores da 10ª Delegacia de Polícia (Lago Sul) encontraram um arsenal. O material foi trazido pelo empresário do Pará, onde mora. “Ele estava em uma caminhonete e trouxe os armamentos por lá. Mas as emulsões explosivas foram encaminhadas para ele posteriormente. Será investigado quem enviou, mas, de antemão, são oriundas de pedreiras e garimpos do Pará. Vamos investigar essa conexão”, ressaltou Cândido.
“Engenharia criminosa”
O bolsonarista cuida da rede de postos Cavalo de Aço, no interior do Pará. O empreendimento, situado na cidade de Xinguara, tem como sócias duas mulheres e capital social de R$ 200 mil. Na audiência de custódia, no domingo, ele afirmou que trabalha como o gerente dos quatro postos. “Recebo de R$ 4 a R$ 5 mil”, contou ao juiz.
O salário, porém, não condiz com os custos da compra do armamentos, de mais de
R$ 170 mil — um fuzil, duas espingardas, cinco bananas de dinamite, revólveres, pistolas e mais de mil munições. O empresário conseguiu o registro de caçador, atirador e colecionador (CAC) em outubro.
O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), que representou pela prisão preventiva, considerou que o acusado se inseriu em uma “engenharia criminosa”, encomendando e recebendo artefatos explosivos no Quartel-General do Exército (QG).