
Presidente da Câmara está sob pressão, mas no Senado Davi Alcolumbre se opõe ao projeto
Enquanto cresce a movimentação da oposição em torno do projeto de lei que concede anistia a envolvidos nos atos de 8 de janeiro, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula medidas para frear o avanço da proposta no Congresso. Segundo reportagem publicada pelo Metrópoles, a ofensiva ganhou novo fôlego após a entrada do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nas negociações, além da recente condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).De acordo com a apuração do Metrópoles, governistas avaliam que a pressão da oposição é um movimento natural, mas apostam que o projeto não terá êxito. Mesmo que seja aprovado na Câmara, aliados acreditam que o Senado deve barrar a proposta. Ainda assim, o Palácio do Planalto já prepara estratégias para derrotar o texto, caso chegue ao plenário, com o objetivo de encerrar de vez a discussão antes das eleições de 2026.
Oposição intensifica pressão após condenação de Bolsonaro
Parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro ampliaram a pressão para que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque a proposta em pauta. Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por chefiar um plano de golpe de Estado após perder as eleições de 2022.
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), pretende levar o tema à reunião de líderes desta terça-feira (16), buscando acelerar a votação do requerimento de urgência. Apesar disso, Motta resiste à pressão.
No Senado, a rejeição ao projeto é ainda mais explícita. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AL), declarou-se contrário à anistia e trabalha em uma proposta alternativa para evitar que crimes cometidos pelo ex-presidente sejam perdoados.
Estratégia governista mira bases e projetos prioritários
Diante do acirramento das discussões, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), reuniu ministros para reforçar a articulação com suas bases e impedir a aprovação do projeto. O governo também busca consolidar apoio para propostas consideradas prioritárias, como a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. A expectativa é de que o texto seja votado na Câmara até o fim de setembro.
Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), a tentativa da oposição de pautar a anistia não deve atrapalhar a tramitação da proposta sobre o IR. “Votar em setembro é o compromisso que Hugo Motta tem conosco e também Arthur Lira [relator do texto]. Nós não achamos que isso vai atrapalhar, não. Pelo contrário, acho que esse assunto da anistia é, hoje, assunto da extrema direita”, afirmou.
Segundo ele, o projeto da oposição tem como objetivo “criar instabilidade social, econômica e política no Brasil”, mas não deve prosperar no Congresso. Motta reafirmou publicamente que a prioridade é a votação da proposta de isenção do IR, considerada pelo deputado como “fundamental para o Brasil e os brasileiros”.