PRIMEIRO CONDENADO POR GOLPE: entenda o julgamento de Bolsonaro no STF e os impactos da decisão

O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado mobiliza o país e ganhou definição nesta semana. Por 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal condenou o ex-chefe do Executivo pelos crimes de tentativa de golpe, organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

A decisão encerra a fase de julgamento e abre caminho para a fixação da pena, que pode superar 20 anos de prisão, além de torná-lo inelegível, conforme a Lei da Ficha Limpa.

Denúncias: do que ele foi acusado

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou denúncia contra Bolsonaro e aliados, apontando uma trama para manter o ex-presidente no poder após as eleições de 2022. Os principais pontos foram:

  • Tentativa de golpe de Estado — articulação para impedir a posse do presidente eleito.

  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito — tentativa de suspender a ordem constitucional por meios ilegais.

  • Organização criminosa — envolvimento de militares e assessores em plano coordenado.

  • Dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado — depredações ocorridas em 8 de janeiro de 2023.

Fases do processo

O caso percorreu várias etapas: investigação pela Polícia Federal, denúncia da PGR, recebimento pelo STF, fase de instrução (coleta de provas e depoimentos), alegações finais e, por fim, julgamento.

Na sessão desta quinta-feira (11), os ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin votaram pela condenação. O ministro Luiz Fux divergiu, pedindo absolvição parcial.

Impactos jurídicos

A condenação tem efeitos relevantes:

  • Fixação da pena: caberá ao STF definir o tempo de prisão, que pode ultrapassar 20 anos, dependendo da dosimetria.

  • Regime de cumprimento: em caso de pena elevada, o regime inicial tende a ser fechado.

  • Inelegibilidade: Bolsonaro fica sujeito à perda dos direitos políticos, tornando-se inelegível por um período.

  • Recursos: a defesa ainda pode apresentar embargos, mas o resultado já consolida uma marca histórica do Supremo.

Conclusão

O placar de 4 a 1 simboliza um divisor de águas no combate a atos contra a democracia. A decisão reafirma o entendimento de que rupturas institucionais não têm espaço no país e marca o encerramento de uma das fases mais sensíveis do processo político e jurídico brasileiro desde a redemocratização.