Ministro da Fazenda descartou qualquer possibilidade de ceder a multinacionais em meio à ofensiva dos EUA ao sistema de pagamento instantâneo
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi categórico ao rechaçar qualquer tentativa de privatização do Pix, em meio à ofensiva do governo de Donald Trump e de multinacionais norte-americanas contra o sistema de pagamentos instantâneos brasileiro. Durante a abertura da 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o “Conselhão”, nesta terça-feira (5), Haddad defendeu o caráter público e gratuito da tecnologia.
“É uma tecnologia soberana brasileira, e nós não podemos nem sonhar, nem pensar, nem imaginar em privatizar algo que não custa para o cidadão”, declarou.
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Investigação dos EUA e resposta brasileira
O Pix é alvo de uma investigação comercial aberta em julho pelo Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos, a pedido de Trump, que alegou “práticas comerciais desleais” e supostos “ataques contra empresas norte-americanas de mídia social” por parte do Brasil — acusações feitas sem apresentação de provas. A medida gerou forte reação popular e mobilizou o governo brasileiro.
Durante o mesmo evento, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou que o Itamaraty está finalizando a resposta oficial à investigação norte-americana, prevista para ser apresentada no dia 18 de agosto.
“Sobre a investida na sessão 301 da Lei de Comércio Norte-Americana, que questiona o nosso Pix e outras práticas brasileiras absolutamente legítimas, gostaria de informar que o Itamaraty está coordenando a preparação da resposta a ser apresentada pelo governo brasileiro no próximo dia 18 de agosto”, afirmou Vieira.
O chanceler também reiterou que a soberania do país não será negociada. Em discurso nesta segunda-feira (4), durante a celebração dos 80 anos do Instituto Rio Branco, ele já havia enfatizado que a independência institucional do Brasil não é “moeda de troca”, em recado direto a Trump e ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O sistema de pagamentos instantâneos, criado pelo Banco Central em 2020, é utilizado por mais de 160 milhões de brasileiros e se consolidou como uma das ferramentas digitais mais bem-sucedidas do mundo. O embate em torno do Pix reforça a disputa entre Washington e Brasília sobre temas comerciais e de soberania tecnológica.